Drones e Mísseis do Grupo Wagner Ajudam as RSF a Enfrentar o Poderio do Exército Sudanês

EQUIPA DA ADF

Os mísseis terra-ar portáteis do Grupo Wagner de mercenários russos e os drones armados estão a ajudar as Forças de Apoio Rápido (RSF) do Sudão a se equipararem no seu conflito contra as Forças Armadas do Sudão (SAF).

No início do conflito, os dois lados estavam equiparados em termos de efectivos. Mas as SAF, armadas com aviões e armamento pesado, estavam substancialmente mais bem armadas do que as RSF, pouco equipadas. Esta situação alterou-se nos últimos quatro meses, com a chegada de sistemas de mísseis portáteis provenientes de bases do Grupo Wagner, na República Centro-Africana e na Líbia. A origem dos drones é pouco clara.

Tal como outras milícias em África, as RSF recorrem a drones para compensar a vantagem aérea do seu adversário. Os drones tornaram-se uma espécie de força aérea dos pobres, proporcionando reconhecimento e, em várias ocasiões, ataques aéreos.

Os caças das RSF utilizaram os mísseis, conhecidos como sistemas portáteis de defesa aérea, para abater um caça MiG-29 das SAF em Maio. Utilizaram repetidamente drones armados para atacar instalações militares e civis, incluindo um hospital em Omdurman, a maior cidade do Sudão. Um ataque a esse hospital no início de Julho matou cinco pessoas e feriu 22.

Duas semanas depois, as SAF informaram que os combatentes das RSF utilizaram drones para atacar civis que se tinham reunido para apoiar o exército nas comunidades de al-Azuzab e Wad Ajeeb, a sul de Cartum. Catorze pessoas morreram nesse ataque.

Em Junho, o exército informou que tinha abatido um drone das RSF durante um ataque ao quartel-general do Comando Geral. Esse drone transportava projécteis termobáricos TB de 120 milímetros, que utilizam o oxigénio do ar circundante para gerar uma explosão a alta temperatura. Cada projéctil pesa cerca de 12 quilogramas e tem um raio de acção de 20 metros.

O mesmo tipo de drone de descolagem e aterragem vertical tem sido visto em conflitos no Médio Oriente e em África nos últimos anos.

As SAF informaram ter abatido um outro drone durante um ataque ao acampamento das Forças Centrais de Reserva. Mais tarde, o exército divulgou imagens de um outro drone abatido, juntamente com um vídeo que mostra mais munições termobáricas capturadas. As marcas sugerem que os explosivos foram fabricados na Sérvia e posteriormente vendidos aos Emirados Árabes Unidos (EAU).

Embora a origem das armas terra-ar das RSF tenha sido identificada, a origem dos seus drones continua por esclarecer. As RSF informaram ter adquirido alguns dos drones a partir do arsenal de armas do próprio Sudão, quer capturando-as directamente no terreno, quer invadindo bases militares no início do conflito. Os analistas acreditam que as RSF também poderão ter adquirido outros drones da Fábrica de Indústrias Militares de Yarmouk, que as RSF afirmaram ter capturado no início de Junho.

Uma terceira fonte possível de drones, baseada na utilização de explosivos termobáricos TB, são os Emirados Árabes Unidos, que se aliaram às RSF.

Mohammed Torshin, analista de segurança sudanês, disse ao The New Arab que a utilização de drones pelas RSF sugere que a crise no Sudão poderá agravar-se, especialmente se as RSF abandonarem o seu actual sistema rudimentar de drones por drones mais avançados de fabrico turco ou iraniano.

Isso alteraria o equilíbrio de forças no conflito, disse Torshin, acrescentando que tornaria “o Sudão mais parecido com a Somália, transformando-o numa porta de entrada para redes criminosas e grupos terroristas, o que ameaçaria seriamente a segurança e a estabilidade da região.”

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