Para se Defenderem dos Piratas, Transportadores do Golfo da Guiné Recorrem a Embarcações Seguras
EQUIPA DA ADF
A ameaça dos piratas no Golfo da Guiné fez com que as empresas de transporte de cargas recorressem à construtora sul-africana de barcos, Paramount Maritime, para obter ajuda. A empresa fabrica embarcações feitas de forma especial para proteger navios que transitam em águas perigosas como o Golfo, que é o lugar mais propenso a raptos no mundo.
Com sede na Cidade do Cabo, a Paramount Maritime cresceu rapidamente nestes últimos anos. A empresa, que fabricou 60 embarcações entre 2004 e 2019, possui aproximadamente metade disso em encomendas.
“Fomos pioneiros no mercado de patrulhas de segurança na África Ocidental,” Stuart McVitty, presidente do conselho de administração da Paramount Maritime, disse à Bloomberg. “Registamos um crescimento estável nos últimos cinco a seis anos.”
De acordo com o Gabinete Marítimo Internacional (GMI), este ano, a pirataria no mundo inteiro alcançou o seu ponto mais baixo dos últimos 27 anos. O gabinete registou 68 incidentes de pirataria nos primeiros seis meses de 2021, comparados aos 98 do mesmo período do ano passado.
O Golfo da Guiné continua a ser um ponto focal para a pirataria em mar aberto, representando aproximadamente um terço dos ataques de pirataria. Dos 50 membros de tripulação raptados e um morto em 2021, todos estavam no Golfo. Mas mesmo esses números reduziram — uma alteração sobre a qual os especialistas do sector marítimo continuam cautelosamente optimistas.
“Enquanto o GMI congratula a redução da pirataria e da actividade de assaltos à mão armada no Golfo da Guiné, o risco para os navegadores continua presente,” disse o Director do GMI, Michael Howlett. “Ao comunicar todos os incidentes às autoridades regionais e ao [Centro de Denúncia de Actos de Pirataria do] GMI, os navegadores podem manter a pressão sobre os piratas.”
Outra forma através da qual as empresas transportadoras colocam pressão sobre os piratas é adquirindo ou contratando embarcações de segurança para defenderem os seus cargueiros, petroleiros e outros navios de ataques.
É aí onde entra a Paramount Maritime.
A empresa posiciona-se como estando sediada em África e centrada em África, focalizando os seus negócios em empresas e países que se encontram no continente. A sua embarcação de segurança mais conhecida é a Sentinel, de 35 metros, que pode transportar cerca de 18 pessoas e pode permanecer até 30 dias no mar. O navio é altamente blindado e praticamente à prova de balas.
“A procura por embarcações rápidas, robustas e altamente protegidas, em termos de balística, é particularmente forte entre os países africanos das costas leste e oeste, que são afectadas pelos incidentes de pirataria,” porta-voz da Paramount Maritime, Nico de Klerk, disse à ADF num e-mail.
A Paramount apresentou a Sentinel em Junho. Alguns dos primeiros barcos que saíram da linha de montagem foram destinados a uma empresa não divulgada da Nigéria, para transferência de tripulações, carga e para outros trabalhos relacionados com a indústria do petróleo. A empresa também planificou utilizar os barcos para fornecer segurança para grandes embarcações comerciais no Golfo da Guiné.
As leis de exportação de armas da África do Sul restringem as vendas para empresas de segurança privadas, pelo que a Sentinel possui um canhão de água. Os membros utilizam o canhão para extinguir incêndios, deter aspirantes a piratas ou, se for necessário, afogar as pequenas embarcações que os piratas utilizam para atacar.
A Paramount também desenvolveu o que se chama de “fabrico portátil” que permite que a empresa leve o processo de montagem directamente para os seus clientes em outros países, em vez de fazer todo o trabalho nas suas instalações principais, na Cidade do Cabo.
Cada embarcação leva cerca de 11 meses para montar desde a quilha até ao top, de acordo com McVitty.
A Paramount Maritime teve a maior parte dos seus primeiros negócios da necessidade de proteger as jazidas costeiras de petróleo e gás. Apesar de haver menos pirataria no Golfo da Guiné este ano, McVitty espera que os negócios continuem fortes, numa altura em que Moçambique desenvolve recursos de gás natural, incluindo uma instalação portuária de gás natural liquefeito.
“Estamos a projectar que veremos um mercado semelhante a desenvolver nestas jazidas de gás,” disse à Bloomberg.
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