EQUIPA DA ADF
No início deste ano, as Seicheles esforçaram-se para se tornar no país mais vacinado do mundo.
A pequena população daquele país insular tinha visões de alcançar a imunidade comunitária e uma há muito esperada reunião com os turistas que alimentam a maior parte da sua economia.
Mas semanas depois de as Seicheles terem aberto as suas fronteiras, a COVID-19 regressou de forma surpreendente.
Quando o arquipélago que se localiza a 1.600 km ao largo da costa da Tanzânia relaxou as restrições para permitir a entrada de turistas, no dia 25 de Março, tinha registado apenas 3.798 casos confirmados e 16 mortes. As Seicheles também tinham ultrapassado o limite de 60% dos seus 98.000 residentes a serem completamente vacinados.
O Presidente Wavel Ramkalawan disse à imprensa que a imunidade comunitária era possível de alcançar.
Seis semanas depois, os casos tinham aumentado para mais do que o dobro, para 9.184, com 32 mortes.
“Apesar de todos os esforços excepcionais que estamos a fazer, a situação da COVID-19 no nosso país é grave neste momento,” Peggy Vidot, Ministra de Saúde, daquele país, disse numa conferência de imprensa, no dia 4 de Maio.
Com implicações globais sobre a eficácia das vacinas, os especialistas procuraram ter uma explicação para esta situação.
“Então, o que está a acontecer?” perguntou Raina MacIntyre, professora de biossegurança na Universidade de Nova Gales do Sul, Austrália, durante uma apresentação online, no dia 18 de Maio. “É provável que o limite da imunidade comunitária ainda não tenha sido alcançado.”
Embora o programa de vacinações do país continue a progredir, cobrindo 64% da população até finais de Maio, MacIntyre questiona se a imunidade comunitária é alcançável. Isto é particularmente desafiador, uma vez que uma das vacinas utilizadas, importada da China, tem a taxa de eficácia mais baixa em comparação com muitas outras que existem no mercado global.
“Usar vacinas com eficácia mais baixa significa que mais pessoas precisam de ser vacinadas. Se a vacina for 60% eficaz, a proporção necessária que necessita de ser vacinada aumenta para 100%,” MacIntyre escreveu para a plataforma online, The Conversation. Ela acrescentou que as variantes mais contagiosas podem ter-se tornado dominantes entre a população e estão a derrubar a protecção da vacina.
As autoridades das Seicheles voltaram a impor restrições e observaram que a maior parte das novas pessoas infectadas não tinha sido vacinada. A maioria das pessoas que ficou doente e tinha sido vacinada teve sintomas ligeiros.
O país implementou medidas de confinamento obrigatório semelhantes àquelas que tinha em vigor em 2020. As escolas e os eventos desportivos foram cancelados por duas semanas. Os restaurantes, bares e as lojas fecharam cedo. Aglomerados de mais de um agregado familiar foram proibidos.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Turismo, Sylvestre Radegonde, disse à Agência de Notícias das Seicheles que a maior parte dos casos ocorria porque os residentes locais “baixaram a guarda.”
“Os cidadãos das Seicheles, porque agora estão vacinados, estão a relaxar e a pensar que tudo está bem,” disse. “Não somos tão cuidadosos quanto éramos antes.”
Reiterando que as vacinas diminuem a gravidade da COVID-19, a directora da área de imunização, da Organização Mundial de Saúde, Kate O’Brien, disse que estão a trabalhar em estreita colaboração com o Ministério de Saúde das Seicheles para investigar a situação.
“Quando vemos casos a continuarem a ocorrer num ambiente da vacina, isso realmente exige uma avaliação muito detalhada para saber qual é a situação,” disse O’Brien numa conferência de imprensa virtual, no dia 10 de Maio.
Em finais de Maio, o país registou uma tendência de redução no número de casos enquanto se focalizava num conjunto de casos nas ilhas internas.
Ramkalawan usou a televisão para promover a segurança do seu país.
“Posso olhar para todos nos olhos e dizer venham para as Seicheles,” disse na CNN.