Grupo Extremista Aumenta Ataques no Oeste do Uganda

EQUIPA DA ADF

O Uganda obteve uma vitória significativa sobre o grupo do Estado Islâmico (EI) em Novembro, quando capturou um comandante de topo conhecido por “Njovu” durante um ataque em que foram mortos seis membros do seu grupo.

Os combatentes pertenciam às Forças Democráticas Aliadas, que têm a sua base na vizinha República Democrática do Congo (RDC). O grupo tem atacado cada vez mais a parte ocidental do Uganda, de onde é originário.

“Esta foi uma operação conjunta de inteligência militar bem-sucedida, e todo o esquadrão que tinha sido enviado pelas [Forças Democráticas Aliadas] para causar o caos, matar turistas, queimar escolas, hospitais, foi eliminado,” o porta-voz militar ugandês, Deo Akiiki, disse à Agence France-Presse.

As Forças Democráticas Aliadas são em grande parte financiadas através de operações ilegais de extracção mineira e de exploração madeireira e de raptos para obtenção de resgate. O grupo visa frequentemente os cristãos na sua propaganda e, segundo os analistas, recebe também um financiamento considerável do EI.

O governo do Uganda responsabilizou o grupo de Njovu pelo assassinato, em Outubro, de um casal que acabada de contrair matrimónio, oriundo do Reino Unido e da África do Sul, e do seu guia ugandês, quando faziam um safari no Parque Nacional Rainha Isabel, perto da fronteira com a RDC. O EI reivindicou o ataque no dia seguinte às mortes, dizendo que tinha matado “três turistas cristãos” com metralhadoras, noticiou a Al-Jazeera.

Tratou-se do quarto ataque do EI no Uganda desde Dezembro de 2022.

“Tendo em conta as tendências tácticas do passado, a incursão [no Uganda] continuará provavelmente a visar civis e poderá, em última análise, procurar restabelecer uma presença sustentada da guerrilha no oeste do Uganda — tudo em nome do Estado Islâmico,” Caleb Weiss e Ryan O’Farrell, investigadores da Bridgeway Foundations, escreveram no Long War Journal, da Foundation for Defense of Democracies.

Nos últimos três anos, todos os ataques no Uganda foram atribuídos às Forças Democráticas Aliadas. O país tinha passado mais de uma década sem um ataque terrorista no seu território até uma série de ataques lançados pelo grupo terrorista em 2021.

Dias antes do ataque no Parque Nacional Rainha Isabel, combatentes do EI que se acredita pertencerem ao grupo de Njovu atacaram um camião civil que transportava legumes para um mercado local no oeste do Uganda, a menos de 3 quilómetros da fronteira com a RDC. Pelo menos uma pessoa foi morta.

Em meados de Junho, o grupo matou 42 pessoas, incluindo 37 alunos, que foram cortadas com catanas, baleadas ou queimadas até à morte na Escola Secundária de Lhubirira, em Mpondwe, perto da fronteira com a RDC. Seis alunos foram raptados e uma 43.ª vítima morreu dias depois devido aos ferimentos sofridos no ataque.

O aluno Godwin Mumbere sobreviveu.

Mumbere, de 18 anos, disse que o ataque começou por volta das 22h30. Ele lembra que os terroristas exigiram que os alunos abrissem as portas dos dormitórios.

“Todos os meus amigos do dormitório recusaram,” disse Mumbere à Al-Jazeera.

Mumbere escondeu-se debaixo da cama enquanto os atacantes disparavam balas através das janelas e da porta trancada. Mumbere foi atingido na mão.

Poucos dias depois, a polícia prendeu 20 suspeitos de pertencerem às Forças Democráticas Aliadas e estarem ligados ao ataque.

Em meados de Outubro, as autoridades ugandesas impediram ataques a duas igrejas no centro de Kebbi.

Os investigadores descobriram que duas bombas foram ligadas a sistemas de som públicos e enviadas aos pastores disfarçadas de presentes. No entanto, os cidadãos suspeitaram dos aparelhos e alertaram a polícia, segundo o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, que atribuiu a conspiração à organização terrorista.

Tais operações estão próximas das tácticas que o grupo emprega na RDC — onde as Forças Democráticas Aliadas são responsáveis pela morte de 12 pessoas e pelo ferimento de pelo menos 50 quando uma bomba detonou durante uma cerimónia religiosa em Janeiro — bem como de uma insurgência transfronteiriça que levou a cabo no início da década de 2000.

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