UNMISS Junta-se a Organizações Sul-Sudanesas para Promover a Paz

EQUIPA DA ADF
 

O aumento da violência intercomunitária e a guerra no vizinho Sudão ameaçam o frágil acordo de paz de cinco anos no Sudão do Sul, segundo os especialistas.

Neste contexto, em Setembro, a Unidade de Advocacia da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) uniu forças com várias organizações para promover a paz, através de eventos realizados em Juba, a capital nacional, e no condado de Terekeka.

No dia 21 de Setembro, Dia Internacional da Paz, a UNMISS e o Ministério da Construção da Paz do Estado da Equatória Central organizaram um fórum em que participaram funcionários do governo, líderes religiosos, académicos, estudantes e outros.

“Se o nosso objectivo é manter a paz, temos de defender de todo o coração o Estado de direito, os direitos humanos e as leis fundamentais,” John Oziegbe, chefe da equipa de direitos humanos da UNMISS em Equatória Central, disse em Juba.

Emmanuel Sebit, um líder estudantil da Escola Secundária do Sagrado Coração, apelou ao governo para que providencie segurança, imponha a lei e a ordem, preste serviços essenciais e estimule o crescimento do emprego.

Julia Duany, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Juba, exortou os residentes do país a abraçarem uma identidade nacional comum.

“Para construir a nossa nação, temos primeiro de estabelecer a estabilidade, gerir os nossos recursos naturais de forma eficiente para o bem colectivo, garantir o acesso aos serviços sociais e investir nas nossas mulheres, jovens e nos mais vulneráveis de entre nós,” afirmou Duany num relatório da UNMISS.

No dia 27 de Setembro, o Ministério do Estado, a UNMISS e a Escola Africana de Liderança Teológica organizaram um fórum semelhante no condado de Terekeka, cerca de 75 quilómetros a norte de Juba.

Laurence Musoke Samuel, director-geral do Ministério da Construção da Paz, disse à audiência que é dever de todos promover a paz.

“As nossas famílias são vitais para promover a paz a nível da comunidade, do condado, do Estado e do país,” disse Samuel numa reportagem da Rédaction Africa News. “Começa com cada um de nós, e é nas nossas casas que devemos transmitir os valores da coesão social e da unidade.”

Helen Kaku Kula, uma líder feminina local do condado de Terekeka, salientou o papel das mulheres na construção da paz.

“A inclusão é uma necessidade,” afirmou Kula. “As mulheres são a primeira linha de educadores em todas as sociedades, porque tudo começa em casa. É necessário que todos nós estejamos envolvidos no processo de paz. Os planos que a liderança política tem para o nosso país devem estar alinhados com as expectativas das suas bases.”

Aumento da violência

Um dia antes do evento no condado de Terekeka, a UNMISS publicou um relatório sobre os direitos humanos que revela um aumento da violência contra civis.

Entre Abril e Junho, 395 civis foram mortos, 281 ficaram feridos, 166 foram raptados e 29 foram sujeitos à “violência sexual relacionada com o conflito.” Estas estatísticas foram compiladas a partir de 222 incidentes violentos, o que representa um aumento de 14% em relação ao trimestre anterior.

Quase 90% das vítimas foram feridas durante incidentes perpetrados por milícias comunitárias ou grupos de defesa civil, segundo o relatório. O Estado de Warrap foi o mais afectado pela violência crónica, tendo sido responsável por 34% de todas as vítimas civis, seguido dos Estados de Jonglei, Alto Nilo, Equatória Oriental e Equatória Central.

“Os civis comuns do Sudão do Sul pagam caro por estes actos de violência,” afirmou Nicholas Haysom, Representante Especial do Secretário-Geral da ONU no Sudão do Sul, no comunicado. “É fundamental reforçar os sistemas de justiça e de responsabilização por estes crimes.”

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