Bacia do Lago Chade Luta para Conter Fluxo Ilícito de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre

EQUIPA DA ADF

No início de Maio, os soldados da Força-Tarefa Conjunta Multinacional (MNJTF) mataram vários terroristas e recuperaram um esconderijo de armas durante uma operação perto do Lago Chade, no nordeste da Nigéria.

A operação foi lançada uma semana depois de membros do Boko Haram e da Província do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP) terem atacado as tropas da força-tarefa numa aldeia vizinha, informou a MNJTF num comunicado.

No dia 14 de Maio, o ISWAP reivindicou um ataque mortal às forças da MNJTF, também perto do Lago Chade, no nordeste da Nigéria. Esse ataque matou três soldados da MNJTF e um número desconhecido de terroristas foi morto no contra-ataque da MNJTF.

As batalhas ilustram a razão pela qual Boss Mustapha, secretário do Governo da Federação da Nigéria, disse acreditar que as armas ligeiras e de pequeno calibre (ALPC), na Bacia do Lago Chade, estão “lentamente a tornar-se armas de destruição maciça.”

Mustapha fez este comentário durante uma reunião de dois dias, em Março, para debater a redução do fluxo de ALPC na região. Estiveram também presentes representantes dos Camarões, do Chade e do Níger. As ALPC a que Mustapha se referiu são normalmente obtidas ilegalmente.

“A proliferação de armas ligeiras na Bacia do Lago Chade é uma grande preocupação de segurança que tem consequências de grande alcance para a região,” afirmou Mustapha numa reportagem da página da internet nigeriana newsdiaryonline.com.

“Contribui para a escalada dos conflitos e da violência e impede o desenvolvimento económico e social dos países da região,” acrescentou Mustapha. “A sua disponibilidade generalizada tem causado enormes danos às comunidades e aos indivíduos, especialmente às mulheres e às crianças.”

Mustapha apelou à cooperação nos esforços regionais para enfrentar a questão e para desenvolver e implementar acordos sobre o controlo de armas ligeiras. Os Camarões, o Chade, o Níger e a Nigéria fazem parte de uma série de instrumentos regionais e internacionais de controlo de armas.

“Temos de pôr fim à violência insensata e sem sentido do Boko Haram e de outros fomentadores de violência que se espalham pela região,” afirmou Mustapha.

O Boko Haram e o ISWAP têm bases nas florestas e nas pequenas ilhas da bacia. O fluxo de armas traficadas e contrabandeadas ilegalmente é “um dos principais factores de conflito” na região, de acordo com um relatório do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos de Desarmamento (UNODA).

A mudança de estratégia do ISWAP, de ataques em grande escala para a utilização crescente de ALPC na Nigéria, foi uma resposta ao reforço da Força Aérea Nigeriana, de acordo com um estudo de 2022, do UNODA, do Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas e da Comissão da Bacia do Lago Chade. O ISWAP recorre a operações menores que incluem frequentemente motociclos, bloqueios de estradas ou emboscadas com combatentes armados com ALPC, revelou o estudo.

Em 2022, as operações da MNJTF nas ilhas do Lago Chade resultaram na recuperação de quantidades significativas de armas, incluindo lançadores de artilharia, e na destruição de várias fábricas de DEI.

“Necessidade de Uma “Acção Decisiva

O Boko Haram está empenhado em adquirir munições para armas ligeiras. Por conseguinte, o reforço do controlo e da gestão das munições e as iniciativas para combater o tráfico de munições são fundamentais, segundo a MNJTF.

Durante a reunião de dois dias, em Maio, o conselheiro de segurança nacional da Nigéria, o reformado Major-General Babagana Mongonu, implorou que cada país “tomasse medidas decisivas” contra a proliferação de ALPC. A Nigéria, por exemplo, criou um Centro Nacional para o Controlo das ALPC e assinou a Convenção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental sobre as ALPC.

“No entanto, reconhecemos que este não é um problema que um país possa resolver sozinho,” afirmou Mongonu na reportagem do newsdiaryonline.com. “Temos de trabalhar em conjunto como região para resolver as causas profundas deste problema, incluindo a pobreza, o subdesenvolvimento e a má governação. Temos também de reforçar as nossas medidas de controlo fronteiriço para impedir o fluxo ilícito de armas ligeiras e de pequeno calibre através das nossas fronteiras.”

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