RDC Procura Respostas na Sua Problemática Zona do Leste

Um aumento acentuado de ataques mortais na região leste da República Democrática do Congo (RDC) coincidiu com a ligação com o ISIS.

Existem 122 grupos armados a operar na região de florestas densas, que faz fronteira com o Uganda a leste, de acordo com as estimativas do Kivu Security Tracker (KST), uma ferramenta de monitoria de conflitos.

As Forças Democráticas Aliadas representam o grupo mais sangrento de todos, famoso entre os locais por queimar e massacrar civis e líderes religiosos em frequentes ataques nocturnos.

“As Forças Democráticas Aliadas] são completamente cruéis,” consultor Peter Fabricius escreveu para o Instituto de Serviços de Segurança, em Setembro de 2021. “A sua táctica mais famosa e problemática é de responder a ofensivas [militares] com retaliações massivas contra civis.

“Alguns suspeitam que o aumento da brutalidade e eficácia do grupo podem dever-se à sua afiliação em 2019 ao Estado Islâmico através da sua Província da África Central.”

Em Março de 2021, o Departamento do Estado dos EUA ligou formalmente as Forças Democráticas Aliadas ao ISIS e identificou o seu líder como sendo Seka Musa Baluku, que ascendeu ao poder em 2015 e alegadamente aliou-se ao ISIS em 2016.

Mas não o era até Abril de 2019, quando o ISIS reivindicou um ataque numa posição do exército, próximo da fronteira com o Uganda, que reconheceu oficialmente as suas actividades naquela região.

No seu comunicado de Março de 2021, os EUA reconheceram que as Forças Democráticas Aliadas tinham-se alinhado ao ISIS, dizendo que o grupo “foi famoso nesta região pela sua violência brutal contra cidadãos congoleses e contra forças militares regionais, tendo os ataques feito mais de 849 vítimas mortais civis, apenas em 2020.”

Na cidade de Beni, na província do Kivu do Norte — o centro da zona de conflito — as Forças Democráticas Aliadas mataram cerca de 200 civis e obrigaram aproximadamente outras 40.000 a fugirem desde Janeiro de 2021, de acordo com a agência das Nações Unidas para os refugiados.

Felix Tshisekedi, alguns meses depois de assumir o cardo de presidente da RDC, em 2019, discursou perante multidões em Beni, comprometendo-se a “pôr um fim definitivo” à rebelião das Forças Democráticas Aliadas.

Dois anos depois, no dia 30 de Abril de 2021, Tshisekedi declarou um “Estado de sítio” nas províncias do Kivu do Norte e Ituri, substituindo temporariamente as autoridades civis por oficiais militares e da polícia.

“O objectivo é de acabar rapidamente com a insegurança que está a matar os nossos concidadãos naquela parte do país diariamente,” lê-se num comunicado.

As Forças Democráticas Aliadas ficaram mais radicalizadas desde que se aliaram ao ISIS, e os ataques de retaliação contra alvos civis e militares continuam.

Fontes disseram ao jornal queniano The Nation que o grupo terrorista agora utiliza drones de vigilância e dispositivos explosivos improvisados.

Três recentes ataques bombistas num fim-de-semana em Beni incluíram um bombista suicida que explodiu a si próprio do lado de fora de um bar.

“Esta não é uma guerra clássica; o inimigo é desonesto,” disse Tshisekedi durante uma reunião pública na capital do Kivu do Norte, Goma, no dia 5 de Agosto de 2021. “Iremos utilizar todos os meios necessários para erradicar este cancro. As nossas Forças Armadas irão ganhar cada vez mais reforços nos próximos dias.”

Dez dias depois, Tshisekedi anunciou o envio das forças de operações especiais dos EUA às províncias do leste, dizendo que “dariam apoio ao [Exército Congolês] na luta contra o terrorismo e aos guardiões dos parques nacionais de Virunga e de Garamba, que se tornaram um santuário para as forças terroristas.”

No dia 9 de Setembro, os conselheiros concluíram a sua avaliação de múltiplas semanas de uma futura equipa congolesa de combate ao terrorismo, depois de trabalhar com fiscais do parque para combater o tráfico ilegal de produtos da fauna bravia que, muitas vezes, financia grupos armados.

“Esta missão permitiu que possamos compreender a capacidade e a estrutura das Forças Armadas Congolesas e avaliar a melhor forma de implementar os seus planos para levarem a cabo as suas missões vitais de combate ao terrorismo,” disse o Capitão do Exército dos EUA, Markos Magana, num comunicado de imprensa.

“Para além disso, fomos capazes de compreender o papel importante desempenhado pelos fiscais dos parques do ICCN [Instituto Congolês de Conservação da Natureza] que ajudou a cortar uma rota de fornecimento crucial para actores nefastos no leste da RDC.”

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