EQUIPA DA ADF
O bilionário dos EUA, Dr. Patrick Soon-Shiong, um cirurgião que trabalha com transplantes e homem de negócios, proprietário do jornal Los Angeles Times, anunciou que irá oferecer 210 milhões de dólares para ajudar a produção de vacinas contra a COVID-19 na sua terra natal, África do Sul.
Soon-Shiong, que também é responsável pela gestão da ImmunityBio, uma empresa de biotecnologia que desenvolve produtos que fortalecem os sistemas imunológicos das pessoas, disse que a sua empresa e a sua fundação filantrópica doaria o dinheiro. O montante será usado para providenciar tecnologia de produção de vacinas e terapias biológicas que podem ser exportadas pelo continente.
“Não temos apenas a ciência, mas temos também o capital humano, a capacidade e o desejo,” disse Soon-Shiong, falando sobre a África do Sul, durante um encontro internacional sobre a distribuição equitativa das vacinas contra a COVID-19.
Soon-Shiong, de 68 anos de idade, disse que espera que a tecnologia transferida também possa ser utilizada para combater outras doenças naquele país, incluindo a bilharzíase, uma infecção parasítica comum na África Subsaariana, de acordo com uma reportagem do jornal britânico, The Independent.
No início deste ano, a ImmunityBio assinou um acordo com o Instituto BioVac, uma empresa de produção de vacinas apoiada pelo Estado sul-africano, para produzir uma vacina experimental contra a COVID-19 que está a passar pela fase de ensaios clínicos nos EUA e na África do Sul, de acordo com o The New York Times.
Existem menos de 10 distribuidores de vacinas em África, sediados no Egipto, Marrocos, Senegal, África do Sul e Tunísia. Mas a maior parte destas empresas lida com o empacotamento e a rotulagem, e não com o fabrico.
“Estão tão cansados de serem os últimos da fila,” Soon-Shiong disse à página web de notícias da África do Sul, BusinessTech. “É preciso ter a sua própria auto-suficiência para ser capaz de controlar o seu próprio destino.”
O anúncio de Soon-Shiong chegou numa altura em que as províncias do Cabo Setentrional e do Estado Livre enfrentavam uma terceira vaga de infecções, e as entidades sanitárias procuravam acelerar o processo de vacinações. Até finais de Maio, a África do Sul tinha vacinado aproximadamente 500.000 dentre os seus 1,2 milhões de profissionais de saúde e começou a acrescentar os idosos à sua campanha de vacinações, comunicou a agência de notícias The Associated Press.
Soon-Shiong também reúne uma coligação de doadores, governos e empresas para garantir que sejam desenvolvidas novas vacinas em África e possam ser fabricadas em quantidades adequadas. Espera-se que os pormenores sobre a coligação sejam anunciados em Julho. Ele esteve em contacto com a Aspen Pharmacare, o maior produtor africano de fármacos e produtor local de vacinas contra a COVID-19.
“Não há dúvidas de que existe uma grande necessidade não satisfeita; agora é o tempo para juntos reunirmos recursos,” Soon-Shiong disse à BusinessTech. “Temos de ir para lugares como o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio e mesmo entidades dos EUA para dizer que é no vosso interesse próprio ajudar a financiar estes.”
Glenda Gray, presidente do Conselho de Pesquisas Médicas da África do Sul, acolheu com satisfação a notícia do compromisso de Soon-Shiong.
“Acredito que ele quer dar algo de volta,” Disse Gray à BusinessTech. “Ele é um médico, foi formado na África do Sul e quer fazer algo digno.”
Soon-Shiong nasceu, de pais chineses, em Port Elizabeth, uma cidade costeira a qual se atribuiu, recentemente, o novo nome de Gqeberha. Ele estudou em Joanesburgo e na Universidade de British Columbia, em Canada, antes de estabelecer-se em Los Angeles, onde também detém uma comparticipação na equipa de basquetebol de Los Angeles Lakers.
Ele começou a acumular uma fortuna depois de inventar o medicamento para o cancro, Abraxane.
Soon-Shiong disse que a vacina da ImmunityBio tem como alvo a proteína da nucleocápside, que é menos propensa a mutações e também pode ser administrada em forma de cápsula.
“Infelizmente, a COVID veio para ficar. Penso na COVID como o cancro, e temos de lidar com ela com olhos bem abertos,” disse à BusinessTech. “A boa notícia em relação à COVID é que ela abriu espaço para o questionamentocientífico em níveis que nunca vimos antes.”