EQUIPA DA ADF
Os investigadores da COVID-19, da Organização Mundial de Saúde, continuam a seguir pistas sobre a pandemia global de local em local, em Wuhan, China.
A equipa de 10 especialistas visitou o Centro de Controlo de Doenças da Província de Hubei, em finais de Janeiro, e o Instituto de Virologia de Wuhan, no início de Fevereiro.
Entre outras coisas, o instituto de virologia pesquisa os vírus corona transportados por morcegos — uma das suspeitas fontes do surto da COVID-19. A constituição genética do vírus é quase idêntica aos vírus encontrados em morcegos-de-ferradura. Os pesquisadores estão a examinar a possibilidade de que esta doença tenha sido transmitida entre duas espécies de animais antes de passar para os seres humanos. No instituto, a equipa reuniu-se com o especialista em morcegos daquela instituição, Shi Zhengli.
A equipa também visitou o Mercado Grossista de Mariscos de Huanan, de onde os especialistas de saúde pública acreditam ter emergido a COVID-19, em finais de 2019. O mercado tinha uma secção, actualmente encerrada, onde os vendedores vendiam uma variedade de animais selvagens, muitos dos quais para serem usados em misturas da medicina tradicional chinesa.
Pouco depois da descoberta da COVID-19, as autoridades chinesas encerraram e esterilizaram o mercado.
“Certamente existem algumas pistas importantes quando consideramos o papel do mercado de Huanan,” disse o membro da equipa, Peter Daszak, um zoologista britânico, numa entrevista com a Bloomberg, publicada no seu feed do Twitter. Daszak é presidente da Eco Health Alliance, uma instituição sem fins lucrativos dedicada à prevenção de pandemias.
Daszak foi o membro mais franco da equipa que permaneceu, em termos gerais, quieto sobre quais foram as suas descobertas na sua visita de um mês a Wuhan.
Depois de as autoridades chinesas terem bloqueado a entrada ao país de membros da equipa, em inícios de Janeiro, eles passaram as primeiras duas semanas de quarentena num hotel e a comunicarem virtualmente com os seus colegas chineses. Em finais de Janeiro, eles deram início às pesquisas em pessoas com duração de duas semanas. A visita terminou no dia 12 de Fevereiro, o começo do Ano Novo Lunar e o período de intensas viagens na China.
A equipa de investigações inclui especialistas em transmissão de doenças de animais para humanos, doenças causadas por ingestão de alimentos e epidemiologia, entre outras coisas. A pesquisa da equipa continuará confidencial até à sua publicação.
Durante a conferência de imprensa diária da Organização Mundial de Saúde, do dia 5 de Fevereiro, a Dra. Maria Van Kerkhove, técnica principal da equipa de resposta à COVID-19 na OMS, disse que a OMS providenciaria um relatório logo que este estivesse disponível.
“Existem vários estudos que serão feitos, e teremos resultados,” disse Van Kerkhove. “Mas isso é somente o começo. Teremos mais estudos que irão continuar.”
A equipa internacional conta com o Dr. Hung Nguyen-Viet, co-líder do programa de saúde dos animais e dos seres humanos do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Gado, de Nairobi.
No Twitter, Hung fez um apelo para que as pessoas fossem realistas quanto àquilo que a equipa pode alcançar: “Uma missão curta como esta não produzirá todas as respostas, mas ajudará a aumentar os conhecimentos sobre a #origemdovírus.”
Hung disse à Agence France-Presse que teria sido melhor se a equipa fizesse a visita pouco depois do surto. A investigação está a acontecer um ano depois de a OMS ter declarado a COVID-19 uma pandemia global.
Daszak disse que os membros da equipa estão a reunir pistas em três linhas diferentes: epidemiologia, transmissão homem-animal e sequência genética necessária para rastrear a evolução do vírus.
“Procuramos ver estes três aspectos em separado. Agora iremos juntar tudo e ver o que teremos,” disse Daszak. “O meu sentimento é de que seremos capazes de dizer algo valioso no fim desta viagem — muito valioso mesmo — mas não quero entrar em pormenores sobre o que isso será ou em que direcção aponta.”