EQUIPA DA ADF
Isah Lankpene dormiu no mato durante dois dias quando ele e os membros da sua força de intervenção florestal nigeriana vigiavam uma operação chinesa de exploração ilegal de madeira nas florestas do Estado de Níger.
Eles fizeram uma incursão e encerraram o acampamento no início de Novembro.
A equipa de Lankpene prendeu cidadãos de nacionalidade chinesa, responsáveis por gerir a empresa e suspeitos de terem entrado na Nigéria de forma ilegal. A força-tarefa também apreendeu dois geradores auxiliares, várias máquinas de corte e refinação de madeira, assim como contentores e camiões utilizados para transportar madeira para o Estado de Lagos, de onde era enviada para o exterior.
“A fábrica está localizada floresta adentro, no governo local de Lapai,” disse Lankpene ao jornal The Nation. “Descobrimos que eles têm estado a operar há mais de um ano. Ninguém sabia que estavam ali até que entramos para os apanhar em flagrante.
“Prendê-los não foi fácil.”
Este foi o maior sindicato de desflorestação do Estado, disse Lankpene, coordenador da Força de Intervenção do Estado de Níger para a Protecção Florestal.
Operações chinesas não-licenciadas de exploração de madeira têm ameaçado a ecologia florestal e a economia da Nigéria por muitas décadas. De acordo com a Global Forest Watch, a Nigéria perdeu 945.000 hectares de cobertura florestal de 2001 a 2019, um decréscimo em 9,4%.
Para além de perder o habitat da fauna bravia e a biodiversidade, a desflorestação provoca erosão do solo e desertificação, uma tendência transtornante na Nigéria.
O Ministro do Ambiente da Nigéria, Mohammad Mahmood Abubakar, designou de “problema de sete cabeças.”
“Estima-se que cerca de 35% da área total de terras da Nigéria esteja sob ameaça de desertificação,” disse Abubakar num discurso do dia 17 de Junho de 2020, Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação. “A gestão insustentável de recursos tornou-se mais ameaçada ainda com a exploração excessiva através da desflorestação, sobrepastoreio e práticas agrícolas insustentáveis.”
Uma das forças que impulsiona a desflorestação na Nigéria é a China, que restringiu gravemente o abate de madeira nas suas próprias florestas desde 1998.
“A demanda sem precedentes de pau-rosa na Nigéria é impulsionada por uma necessidade gananciosa da China para alimentar um gosto por ornamentos e mobiliário de luxo para os compradores de classe média e alta do país,” de acordo com um relatório de 2016, do Centro Internacional de Relatórios de Investigação (ICIR). “O abate de madeira, incluindo do pau-rosa, foi banido ou permitido apenas com licença. Mas os comerciantes têm um acesso livre nas florestas em todo o país por causa da fraca legislação e monitoria, assim como a corrupção local.”
De 2013 a 2017, os toros de pau-rosa nigeriano, explorado de forma ilegal no valor de 1 bilhão de dólares, foram expedidos para a China, de acordo com um relatório da Agência de Investigação Ambiental, uma organização não-governamental. O relatório afirmou que os madeireiros pagam aos oficiais nigerianos mais de 1 milhão de dólares em subornos. Também concluiu que é muito provável que o comércio de pau-rosa financie grupos terroristas do Boko Haram.
Outro relatório do ICIR de 2019 focaliza-se na operação ilegal chinesa de carvão no Estado de Enugu, que foi encerrada depois de mais de um ano de exploração de madeira, produção de carvão e o seu envio para a China.
“Eles fazem coisas que nós, os cidadãos, nem sequer podemos tentar,” Lola Idowu, conselheira jurídica da Associação de Exportadores de Carvão da Nigéria, disse ao ICIR. “Eles não plantam. Não criaram qualquer floresta. Não estão a pagar para a reflorestação.
“Deve haver consequências.”