Ruanda Controla Surto de Marburgo, Mas Apregoa Necessidade de Vigilância

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EQUIPA DA ADF

O primeiro surto do vírus de Marburgo no Ruanda foi rapidamente controlado e causou muito menos mortes do que noutros países, em parte, graças à resposta rápida e bem organizada do governo, segundo os observadores.

“Estamos satisfeitos por ver que não se registaram novos casos nos últimos seis dias e esperamos que assim continue,” o Director-Geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse numa conferência de imprensa em Kigali, no dia 20 de Outubro. “Mas estamos a lidar com um dos vírus mais perigosos do mundo, e a vigilância contínua é essencial.”

Quando o surto de Marburgo no Ruanda começou no final de Setembro, o governo lançou a sua Força de Trabalho de Resposta Nacional para minimizar a transmissão.

O Sistema de Informação de Gestão da Saúde do Ruanda revelou-se vital para a detecção precoce do surto, identificando a fonte e respondendo rapidamente para limitar a propagação. O sistema foi criado há 15 anos para recolher e analisar mensalmente os dados dos 450 centros de saúde do país.

O mesmo sistema conta com mais de 60.000 agentes comunitários de saúde para serem os olhos e os ouvidos do sistema de saúde nas comunidades locais. Os agentes comunitários de saúde monitorizam os problemas de saúde e promovem intervenções precoces, visto que constituem a primeira linha de defesa contra surtos de doenças.

“O investimento do Ruanda em infra-estruturas de saúde públicas e privadas também tem sido fundamental,” o analista Sam Mandela Muzinga escreveu recentemente no The New Times. Juntamente com a expansão das suas instalações de cuidados de saúde, o Ruanda desenvolveu a tecnologia necessária para modelar a propagação de doenças em computadores e segui-la no mundo real.

A reacção do Ruanda à doença mostra que uma resposta rápida e urgente pode atenuar a gravidade de um surto, Angela Rasmussen, virologista da Universidade de Saskatchewan em Saskatoon, Canadá, disse à revista Nature.

A resposta coordenada e a vários níveis do país permitiu controlar a doença em menos de um mês, com uma taxa de mortalidade de 24%. Em média, o Marburgo mata 50% a 80% das suas vítimas.

No final de Outubro, as autoridades sanitárias do Ruanda registaram 65 infecções por Marburgo, a maioria das quais entre os profissionais de saúde. Quinze desses pacientes morreram. No entanto, acredita-se que dois doentes infectados foram os primeiros em África a recuperar do Marburgo depois de terem passado algum tempo em suporte de vida.

Os surtos de Marburgo têm surgido repetidamente em toda a África Subsariana nas últimas duas décadas, com dois terços a ocorrerem na RDC, na Tanzânia e no Uganda — todos estes países que fazem fronteira com o Ruanda. Antes do surto no Ruanda, as infecções de Marburgo mataram 17 pessoas no ano passado na Guiné Equatorial e na Tanzânia.

O Marburgo é uma infecção zoonótica, tal como o Ébola, que provém do contacto com animais infectados e que depois se propaga de pessoa para pessoa. Tal como o Ébola, o Marburgo propaga-se através do contacto com sangue e outros fluidos corporais.

O Ministro da Saúde do Ruanda, Dr. Sabin Nsanzimana, disse numa conferência de imprensa no final de Outubro que as autoridades sanitárias tinham identificado o local onde o surto começou: uma gruta onde vivem morcegos frugívoros perto de uma região mineira. Nsanzimana disse que a genética da actual estirpe de Marburgo se assemelha a uma descoberta em 2014.

“O nosso objectivo actual é garantir que estes morcegos frugívoros que vivem em grutas não interajam com os seres humanos,” disse Nsanzimana. “E também garantimos que o que acontece aqui é uma informação muito importante para a saúde pública ou para a ciência que pode ser útil para outras partes do mundo.”

Embora o Marburgo seja menos virulento do que o Ébola, ambos provocam vómitos e enfraquecem as paredes dos vasos sanguíneos da vítima, levando-a a sangrar fácil e excessivamente. As autoridades médicas ruandesas trataram os doentes com hidratação e transfusões de sangue para dar tempo ao seu organismo de combater a infecção.

O Ruanda conta com um dos sistemas de saúde mais fortes de África e as autoridades de saúde pública têm vindo a planear um evento viral do tipo de Marburgo desde 2018. Ao mesmo tempo, o Ruanda está a beneficiar do desenvolvimento em curso de múltiplas vacinas com potencial para prevenir as infecções de Marburgo.

O Ruanda recebeu milhares de doses de vacinas experimentais de várias fontes para testar contra o surto. No dia 7 de Outubro, as autoridades sanitárias começaram a vacinar os profissionais de saúde da linha da frente e as populações de alto risco, para garantir uma resposta eficaz ao surto.

“As medidas proactivas do Ruanda em resposta ao surto do vírus de Marburgo demonstram o empenho do país na saúde e segurança públicas,” o Ministério da Saúde disse num comunicado. “Os esforços de colaboração das autoridades sanitárias, dos parceiros internacionais e das comunidades locais são cruciais para ultrapassar este desafio e garantir um futuro mais seguro para todos.”

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