Drones Mostram o Seu Valor na Resposta a Desastres
EQUIPA DA ADF
A confusão reinou durante dias depois de inundações repentinas e deslizamentos de terras terem matado pelo menos 91 pessoas na cidade de Mai Mahiu, no centro do Quénia, em Abril. Inicialmente, a polícia atribuiu a culpa a uma barragem rompida, mas o governo disse mais tarde que os detritos tinham bloqueado um túnel fluvial dos caminhos-de-ferro.
“A água varreu a linha e começou a deslocar-se para a jusante a uma velocidade muito elevada, causando a destruição de bens e a perda de vidas,” informou o Ministério das Águas.
Antony Muchiri, gestor de resposta a emergências da Cruz Vermelha do Quénia, afirmou que os veículos aéreos não tripulados, ou drones, desempenharam um papel fundamental na resposta do país às inundações generalizadas.
“Utilizamos drones de forma extensiva,” disse ao jornal queniano The Standard. “Apressámo-nos a cartografar a zona de Mai Mahiu após o incidente da barragem. “Isto permitiu-nos aconselhar o governo através dos comandantes de incidentes das Forças de Defesa do Quénia e alertar a Academia do Vale do Rift e o Hospital de Kijabe mesmo antes de ocorrer outro deslizamento de terras. O mapeamento ajudou-nos a ver as áreas de perigo potencial.”
À medida que os drones se tornaram amplamente disponíveis no continente, alguns países estão a utilizá-los para se prepararem e responderem a catástrofes naturais, como inundações e secas. Fotografias aéreas tiradas por drones ajudaram a Cruz Vermelha a identificar estradas cortadas e a inspeccionar edifícios e casas danificados ou destruídos. Algumas imagens mostram fundações de edifícios que foram arrastados pelas cheias.
Muchiri disse que as imagens obtidas com drones permitiram à sua organização planear os esforços de socorro em Garissa, fazendo chegar às vítimas os bens essenciais através de estradas desertas ou utilizando meios aéreos.
As imagens do antes e do depois mostraram mudanças nas povoações, como o aumento de abrigos temporários num campo de Garissa. No condado de Tana River, os drones documentaram aldeias inteiras varridas pelas águas das cheias. A aldeia de Galili transformou-se numa ilha temporária apenas acessível por via aérea.
A utilização de drones também se alargou às operações de busca e salvamento, como a localização de sobreviventes e de pessoas presas em desastres naturais. Os drones com câmaras térmicas podem detectar o calor corporal das vítimas de deslizamentos de terras soterradas.
Em Julho, as equipas de salvamento utilizaram drones para ajudar a encontrar vítimas de deslizamentos de terra que mataram pelo menos 257 pessoas na localidade de Kencho-Shacha, na zona de Gofa, uma área isolada do sul da Etiópia.
“A busca de sobreviventes está em curso e está a ser apoiada por drones operados por especialistas da Administração de Segurança da Rede de Informação,” Firaol Bekele, director de alerta precoce da Comissão Etíope de Gestão do Risco de Desastres, disse à Agence France-Presse.
No Malawi, as autoridades utilizaram drones para avaliar os danos nas culturas e nos edifícios e para determinar o tipo de resposta de emergência necessária após o Ciclone Freddy, em 2023, e as inundações repentinas nos distritos de Karonga e Nkhotakota, em 2024.
Entre 2019 e 2021, a Gâmbia estabeleceu uma parceria com as Nações Unidas para criar um sistema de aviso prévio de ponta-a-ponta para as inundações na bacia hidrográfica da Gâmbia. Baseando-se fortemente em drones, o sistema utiliza agora a inteligência artificial para fornecer rapidamente às autoridades gambianas dados cartográficos altamente precisos.
Kenneth Kasera, especialista em sistemas de informação geográfica do Centro Regional de Mapeamento de Recursos para o Desenvolvimento, em Nairobi, no Quénia, disse que os drones trouxeram grandes avanços para o seu trabalho e podem aceder a praticamente todos os locais.
“Os processos permaneceram os mesmos, mas a forma como fazemos as coisas mudou,” disse ao The Standard. “Colocámos câmaras em pássaros para voar e depois descarregámos as imagens gravadas, nos anos setenta. Passámos aos aviões, depois aos satélites e estamos agora a entrar na automatização das coisas através da aprendizagem automática e da inteligência artificial. Tem sido uma viagem interessante.”
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