EQUIPA DA ADF
Nos últimos anos, a Turquia tem feito investimentos económicos, militares e diplomáticos significativos em África, no âmbito da sua estratégia de aprofundamento dos laços em todo o continente.
Quando a Etiópia e a Somália concordaram, este ano, em que a Turquia desempenhasse o papel de mediador na sua disputa sobre o acesso ao Mar Vermelho na Somalilândia, os especialistas afirmaram que isso assinalava a crescente influência de Ancara no Corno de África. Mas com o impasse das negociações e a crescente instabilidade no Corno de África, não está claro se a Turquia conseguirá negociar uma solução para o conflito.
Ali Bilgic, professor de Relações Internacionais e Política do Médio Oriente na Universidade de Loughborough, na Inglaterra, chamou-lhe um “acto de equilíbrio diplomático motivado pelo interesse estratégico de Ancara em manter a estabilidade no Corno de África.”
“A Turquia deu passos notáveis na concretização da sua ambição de se tornar uma potência económica, humanitária e militar fundamental na África Subsariana,” disse ao Instituto de Estudos de Segurança, sediado na África do Sul. “O estabelecimento de bases militares, como a que existe na Somália, e o treino de forças locais solidificaram a sua presença geopolítica.”
Necessitando do seu próprio acesso ao Mar Vermelho, a Etiópia, sem litoral, assinou em Janeiro de 2024 um memorando de entendimento para arrendar terrenos para um porto e uma base naval à região separatista da Somalilândia, em troca de um eventual reconhecimento da sua independência. Embora o acordo ainda não tenha sido concluído, a Somália acusa a Etiópia de violar a sua soberania territorial.
Em Maio, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, pediu ao presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, para mediar. A Turquia recebeu funcionários da Etiópia e da Somália para duas rondas de conversações em Julho e Agosto, mas não conseguiu chegar a uma solução. Uma terceira reunião, inicialmente prevista para 17 de Setembro, foi cancelada sem qualquer explicação.
“O equilíbrio está a tornar-se difícil, visto que a Etiópia manifestou preocupações quanto ao aprofundamento das relações da Turquia com a Somália, em particular o seu apoio militar,” o especialista em segurança, Peter Fabricius, escreveu para o instituto, no dia 1 de Novembro.
Na última década, Ancara investiu fortemente na Somália a nível agrícola, militar e diplomático, construindo o aeroporto de Mogadíscio, um centro de treino militar e um hospital. Na sequência do acordo da Etiópia sobre o porto do Mar Vermelho com a Somalilândia, a Somália assinou um novo pacto de defesa costeira e marítima com a Turquia em Fevereiro.
“A Turquia vê as suas relações com a Somália como um exemplo de como estabelecer relações diplomáticas com os países do continente,” Aykhan Ajalov escreveu numa análise de 29 de Outubro para o Centro Topchubashov, um grupo de reflexão sobre segurança sedeado no Azerbaijão.
A disputa regional tornou-se mais complicada quando o Egipto começou a enviar soldados e armas para a Somália e forjou várias alianças de segurança destinadas a contrariar a presença regional da Etiópia. O Egipto tem o seu próprio litígio relativamente à Grande Barragem do Renascimento Etíope e ao controlo da Etiópia sobre o caudal do Rio Nilo. Mas o Egipto também está a disputar a sua influência no Corno de África com a Etiópia e a Turquia.
“A Turquia precisa que a Somália e a Etiópia joguem bem em conjunto, pelo que isto é de importância vital para as ambições regionais turcas,” o consultor geopolítico Norman Ricklefs disse à Voz da América num vídeo de 15 de Outubro.
ADF is a professional military magazine published quarterly by U.S. Africa Command to provide an international forum for African security professionals. ADF covers topics such as counter terrorism strategies, security and defense operations, transnational crime, and all other issues affecting peace, stability, and good governance on the African continent.