Rússia Reforça sua Presença Brutal no Sahel com Brigada Urso

EQUIPA DA ADF

A Rússia juntou mais homens armados às suas operações no Sahel, desta vez, sob a forma da Brigada Urso, que opera no Burquina Faso desde Maio.

Segundo os especialistas, a Brigada Urso faz parte de um grupo de cerca de 300 agentes de segurança russos no Burquina Faso, que inclui membros dos serviços secretos militares russos, o GRU.

Cerca de 30 membros da Brigada Urso instalaram-se em Ouagadougou e em duas bases militares próximas. Estão a treinar as forças leais ao líder da junta, o Capitão Ibrahim Traoré, e a reforçar o seu aparelho de segurança pessoal após uma alegada tentativa de contragolpe em Setembro de 2023.

Os especialistas dizem que Traoré é um exemplo de líderes golpistas que usam os combatentes russos para se protegerem em vez de combaterem os rebeldes.

Formada na Crimeia ocupada pela Rússia em Março de 2023, a Brigada Urso passou a fazer parte do Ministério da Defesa dois meses depois, como a 81.ª Brigada de Voluntários Especializados. No Burquina Faso, a brigada opera paralelamente à unidade russa Africa Corps, a sucessora governamental do Grupo Wagner de mercenários russos.

O grupo humanitário Stop Wagner publicou o seguinte na plataforma social X: “A violência perpetrada pelos mercenários do URSO contra civis é bem conhecida na Ucrânia e pode, infelizmente, repetir-se no #Sahel. A população já está a sofrer com os abusos do Grupo Wagner. A chegada do URSO é um mau presságio…”

A Rússia está a alargar o seu alcance em África através de voluntários armados, como a Brigada Urso, enquanto o seu exército nacional continua a perder tropas na Ucrânia. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no início de 2022, segundo dados do governo russo, morreram 45.000 soldados. Investigadores independentes na Rússia e noutros países situam o número entre 64.000 e 83.000, mas dizem que o verdadeiro número pode ser o dobro.

O governo russo parece estar a compensar a presença de várias centenas de membros do Africa Corps e da Brigada Urso, recrutando milhares de africanos para combater na Ucrânia. Recentemente, homens da Serra Leoa à Somália apareceram no campo de batalha como soldados ou foram feitos prisioneiros.

O Africa Corps — e o Grupo Wagner antes dele — sofreram derrotas em África. Mais concretamente, mais de 80 russos do Africa Corps morreram no final de Julho numa emboscada efectuada por combatentes Tuaregues ligados à al-Qaeda no norte do Mali.

Os rebeldes disseram que as mortes foram uma retaliação pelos ataques do Africa Corps/Grupo Wagner contra os malianos. Os mercenários russos têm um historial de violência e de violações dE direitos humanos no Sahel. Um exemplo é o massacre de Moura, em que as forças do Grupo Wagner ajudaram os soldados malianos a matar 300 civis num mercado.

Lou Osborn, analista do grupo de investigação de fonte aberta All Eyes on Wagner, disse à Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) que as perdas da Rússia no Mali sugerem que a sua abordagem pesada pode estar a sair pela culatra.

“Anteriormente, as autoridades malianas conseguiram concluir acordos com os Tuaregues para se concentrarem nos jihadistas,” disse à RFE/RL. “Agora já não é assim; todos os acordos foram violados, sobretudo devido à crueldade com que o exército maliano e os mercenários russos se comportam em relação a todos os opositores, sem excepção.”

Embora os líderes da junta tenham recrutado o Africa Corps e a Brigada Urso para os ajudar a controlar os rebeldes, a chegada dos russos fez com que o número de mortos sahelianos devido à violência rebelde quase triplicasse para mais de 11.600 desde o golpe do Mali em 2020.

Parece improvável que o envio de mais caças russos para o Sahel resolva os problemas subjacentes dos países, segundo Kyle Robertson, investigador do The Washington Institute for Near East Policy.

“Paradoxalmente, a incapacidade da Rússia para melhorar a ameaça antiterrorista apenas aprofunda a dependência das forças armadas do Sahel da sua assistência,” Robertson escreveu recentemente para o instituto. “O agravamento da situação põe em causa a viabilidade a longo prazo dos regimes que basearam a sua credibilidade na redução da violência islamista.”

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