Chefes das Forças Aéreas Reúnem-se para Aprofundar Parcerias

EQUIPA DA ADF

Numa das maiores reuniões de comandantes de forças aéreas de África, os líderes debateram a forma como o aumento da mobilidade e as parcerias estratégicas podem ajudar a restaurar a paz em algumas das regiões mais conturbadas do continente.

A ocasião foi o Simpósio de Chefes das Forças Aéreas Africanas de 2024, da Associação das Forças Aéreas Africanas, em Túnis, na Tunísia. Estiveram presentes cerca de 270 pessoas de 37 países africanos, incluindo 27 dos 30 membros da associação. A reunião decorreu de 26 de Fevereiro a 1 de Março. Os temas incluíram oportunidades para o aumento das parcerias, a manutenção da paz, o reconhecimento do valor inerente de suboficiais e a disponibilização de mais recursos às mulheres recrutas.

Entre os principais oradores contavam-se Imed Memmich, Ministro da Defesa da Tunísia; o Tenente-General Mohamed Hajem, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Tunisina; o General James Hecker, Comandante das Forças Aéreas dos Estados Unidos na Europa-Forças Aéreas de África; e o General Birame Diop, do Senegal, conselheiro militar do Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas.

Os oradores das cerimónias de abertura sublinharam a necessidade de participação, inovação e deliberação. Apelaram à melhoria das relações no seio das forças aéreas do continente e entre elas, respeitando simultaneamente as diferenças. A educação de todo o pessoal das forças aéreas, disseram os oradores, tem de ser uma prioridade máxima.

No seu discurso de abertura, Diop salientou o aspecto de manutenção da paz das forças armadas africanas, afirmando que a cooperação militar moderna entre países remonta à Segunda Guerra Mundial, quando o Presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, se reuniu com o Primeiro-Ministro britânico, Winston Churchill. Dessa reunião resultou a Declaração do Atlântico de 1941, que foi, segundo ele, “a base para a carta da ONU.”

As missões de manutenção da paz em África são distintas, disse Diop, porque noutras partes do mundo, essas missões envolvem disputas entre países, enquanto em África, as disputas envolvem várias forças dentro de um único país.

Diop disse que há três características que definem as missões de manutenção da paz africanas: a imparcialidade, o uso da força apenas em legítima defesa e a recusa de enviar missões para locais onde “não somos convidados.” Referiu que as missões recentes foram afectadas por campanhas de desinformação, um aumento do nível de violência, um aumento da utilização de dispositivos explosivos improvisados e “ataques directos aos capacetes azuis (das Nações Unidas).”

O simpósio também incluiu debates alargados sobre formas de melhorar a formação dos soldados e aviadores alistados, incluindo uma melhor coordenação entre os oficiais subalternos e os chefes da aviação. Hecker salientou a necessidade de uma “grande força de alistamento.”

Os oradores do simpósio também sublinharam a necessidade de dedicar mais tempo e atenção às questões relacionadas com as mulheres, a paz e a segurança (WPS), que, segundo eles, só nos últimos anos se tornaram uma prioridade. A componente de WPS não se tornou um tópico formal para discussão no simpósio até à reunião de 2023 no Senegal. As questões relativas às mulheres, segundo disseram, foram prejudicadas no passado pela falta de recursos, pelo não reconhecimento da igualdade de género e por uma política ultrapassada. Afirmaram que a componente WPS deve tornar-se um grupo reconhecido permanente no seio da associação. Observaram que as forças armadas africanas têm de melhorar o recrutamento de mulheres, privilegiando um melhor alojamento para elas, concebendo uniformes específicos para cada género e oferecendo mais serviços às funcionárias grávidas.

Disseram que as mulheres recrutadas terão de exigir igualdade com os seus homólogos masculinos. Uma sessão de trabalho da WPS envolveu a psicologia das mulheres nas forças armadas.

Durante o seminário, os chefes deslocaram-se igualmente a duas bases aéreas tunisinas para as visitar e observar os treinos no terreno. Outros participantes da conferência visitaram a Academia da Força Aérea Tunisina.

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