Custo e Acessibilidade dos Drones Tornam-nos uma Ameaça Terrorista para Países Africanos

EQUIPA DA ADF

A disseminação de veículos aéreos não tripulados (VANT) por toda a África preocupa muitos especialistas em segurança, pois é apenas uma questão de tempo até que os terroristas comecem a utilizar drones armados para atacar alvos militares e civis.

“A utilização maciça de veículos telecomandados, possibilitada pela acessibilidade da tecnologia e pelos custos irrisórios da sua implementação, está a tornar-se uma ameaça real para qualquer força aérea, por mais moderna que seja,” o Brigadeiro-General Papa Souleymane Sarr, chefe do Estado-Maior da Força Aérea Senegalesa, disse à Agence de Presse Senegalese, durante uma reunião de chefes das Forças Aéreas Africanas, em Outubro passado, no Senegal.

Os drones tornaram-se um equipamento imprescindível para as forças de segurança e para os grupos terroristas em todo o continente, conduzindo a uma corrida ao armamento de VANT. De um lado estão os governos com tecnologia de ponta; do outro lado estão os grupos extremistas que transformam aviões de recreio baratos em dispositivos explosivos improvisados (DEI) voadores.

“A posse, a utilização e a sofisticação de drones por parte dos insurgentes constituem cada vez mais uma ameaça à segurança dos governos africanos,” escreveu a organização não-governamental PAX numa análise sobre os drones em África.

Ambas as partes utilizaram VANT para recolha de informações. No entanto, até à data, os governos parecem estar em vantagem quando se trata de drones armados. A Etiópia utilizou drones para reforçar a sua luta contra as forças rebeldes em Tigré e Oromia. A Nigéria utiliza drones com fio para monitorizar a sua fronteira norte e tem utilizado drones que voam livremente para atacar campos extremistas no nordeste do país. A Nigéria também está a desenvolver os seus próprios drones com a ajuda do Paquistão.

A questão mantém-se: Durante mais quanto tempo é que os governos terão o controlo?

“Uma reportagem recente da Ucrânia mostra como drones amadores foram equipados com mecanismos que permitem lançar granadas a partir do ar,” escreveu a investigadora Karen Allen, do Instituto de Estudos de Segurança, sediado em Pretória, numa análise recente. “Os grupos militantes em África, incluindo o Boko Haram, a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP) e o al-Shabaab, parecem estar a observar e a aprender.”

Ao contrário dos seus congéneres militares de grande porte, os drones de recreio reutilizados pelos terroristas podem ser difíceis de detectar e de abater, aumentando a ameaça que representam tanto para os soldados como para os civis.

Essencialmente, os avanços dos drones comerciais deram aos terroristas uma forma de poder aéreo bruto, desafiando o domínio aéreo das forças armadas, de acordo com o que os investigadores Kerry Chávez e Ori Swed escreveram na revista Armed Forces & Society.

A ameaça psicológica dos terroristas que lançam DEI aéreos é tão importante como qualquer ameaça física potencial. Neste aspecto, os terroristas têm uma vantagem táctica, segundo o especialista em segurança nigeriano, Kabiru Adamu.

“Ficarão chocados com o facto de não termos quaisquer métodos sancionados ou certificados para mitigar os ataques aéreos no país utilizando veículos aéreos não tripulados neste momento,” Adamu disse à Voz da América (VOA). “Penso que estamos actualmente a tentar desenvolver a nossa capacidade para tal. Parece-me que os militares nigerianos, em particular, estão a tentar recuperar o atraso nesta área.”

Por agora, os terroristas parecem estar limitados a utilizar os seus drones para observação e informação. Em 2022, a ISWAP lançou o seu próprio drone para filmar uma vista aérea de uma batalha com a Força-Tarefa Conjunta Civil da Nigéria, uma milícia apoiada pelo governo no nordeste do país. O vídeo dessa batalha foi utilizado como propaganda da ISWAP. A ISWAP apresentou os seus campos de treino de forma semelhante.

Enquanto o grupo do Estado Islâmico e a al-Qaeda mudam o seu foco do Médio Oriente para o Sahel, estão a levar as lições aprendidas no Iraque e na Síria para o Burquina Faso, o Níger e a Somália — lições que incluem o armamento de drones.

“Sabe-se como estes tipos são insensíveis,” o especialista em segurança nigeriano, Chidi Omeje, disse à VOA. “No momento em que tiverem uma janela de oportunidade para causar mais danos, vão certamente utilizar essa táctica. Isso é bastante preocupante.”

Comentários estão fechados.