‘As Mulheres Podiam Fazer o Que Quisessem’

EQUIPA DA ADF

Asli Hassan Abade fez história como a primeira mulher piloto da força aérea em África. Ela é produto de um tempo único na história da sua terra natal, Somália.

Depois de a Somália tornar-se um país independente, em 1960, as suas ramificações militares cresceram em força e habilidade. Num certo momento, a Força Aérea da Somália tinha a maior capacidade de ataque aéreo do Corno de África.

Asli nasceu em 1958, uma de nove irmãos. A sua família vivia numa base da força aérea, e ela podia ver a pista a partir de casa.

“Eu via aviões levantarem o voo e aterrarem no aeroporto. Isso é o que me deu a coragem de pilotar uma aeronave do meu país pelo menos uma vez na vida,” disse.

Durante a sua juventude, o ensino público melhorou, com as matrículas a multiplicarem-se nas cidades e vilas. Nas cidades, raparigas como Asli podiam estudar em escolas públicas.

“As mulheres podiam fazer tudo o que quisessem,” ela disse a uma Missão de Assistência da ONU na Somália, numa entrevista de 2017. “Elas faziam parte da elite; faziam parte das forças de defesa, incluindo a marinha e a infantaria. Eram professoras de universidade, membros do partido no poder e estavam em todas as partes do governo.”

Asli começou a treinar num Cessna 150, em 1976, antes de passar para aeronaves mais complexas. “A prática era um pouco intensa e os meus formadores estavam confiantes nas minhas habilidades,” disse. “Demonstrei que era uma boa aluna e queria que me confiassem aeronaves mais avançadas.”

Mais tarde na sua carreira, ela foi formada para pilotar aeronaves militares de carga e um Airbus A320.

Depois de 10 anos de serviço, a sua carreira militar foi interrompida pela guerra civil na Somália, em 1991. Como muitos somalis daquele tempo, ela mudou-se para os Estados Unidos, onde cuidou de quatro filhos com o seu esposo. Regressou a Mogadício em 2011 para fazer a entrega de ajuda médica num hospital pediátrico durante uma fome devastadora.

 “Estavam vários antigos colegas, oficiais e pilotos à espera, para me receberem no aeroporto,” disse. “Chorei, e todos ficaram emocionados e choraram comigo. Quando desci do avião, primeiro beijei o chão. … Não pude acreditar que estava realmente em Mogadício.”

A sua alegria foi sol de pouca dura. Por causa da presença do grupo extremista al-Shabaab em Mogadício, ela teve de fugir da sua amada terra natal depois de apenas um dia. Em Julho de 2017, regressou de forma permanente para viver na Somália, onde continua a ser a primeira e única piloto do sexo feminino.

 Com a força aérea do seu país actualmente inoperacional e sem nenhuma aeronave militar, pode ser que passe muito tempo antes de a Somália ter uma segunda piloto da força aérea do sexo feminino.

“O meu principal objectivo é capacitar a juventude e as mulheres; quero continuar na Somália para que possam imitar a mim e os meus esforços de deixar uma marca no país ainda muito cedo. Estou orgulhosa da minha história, não apenas pela Somália, mas também pela África.”.

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