Drones Emprestam Olhos Adicionais à Luta Contra a Pesca Ilegal

Enquanto muitos países africanos lutam para controlar a pesca ilegal, alguns estão a recorrer aos drones como uma forma relativamente barata de realizar vigilância sobre as vastas porções de oceano.

Em Março, a Autoridade de Pescas das Seychelles anunciou que tinha adquirido dois drones de longo alcance com inteligência artificial para realizar vigilância de pescas na sua enorme Zona Económica Exclusiva (ZEE).

A tecnologia foi adquirida através da iniciativa FishGuard, um projecto de cooperação que envolve a empresa de produção de drones marroquina, ATLAN Space, a empresa de análise de inteligência de pescas, Trygg Mat Tracking, e a GRID-Arendal, um centro de comunicações ambientais sem fins lucrativos.

Uma vez que a ZEE das Seychelles é de 1,3 milhões de quilómetros quadrados, fazer cumprir as leis pesqueiras é difícil, especialmente com recursos limitados. As Seychelles são um arquipélago localizado na parte ocidental do Oceano Índico, a cerca de 1.600 quilómetros a leste do Quénia e a cerca de 1.100 quilómetros a nordeste de Madagáscar.

“O que eles têm neste momento são barcos de patrulha, que podem ser contados com os dedos de uma ou duas mãos, e somente isso,” Valentin Emelin, que lidera o programa de crime ambiental da GRID-Arendal, disse a SeafoodSource. “E pode haver aeronaves, um ou dois aviões que podem fazer voos de reconhecimento ou voos de vigilância, e somente isso. O controlo físico é muito difícil.”

Os drones irão incluir informação sobre os locais de pesca ilegal mais frequentados, Badr Idrisse, PCA e co-fundador da ATLAN Space, disse à CNN.

A inteligência artificial pode confirmar o tipo de embarcação que um drone identificar e o drone pode determinar se o barco está a operar numa zona protegida e se está autorizado a fazê-lo. Os drones podem enviar a localização do barco, o número de identificação e o número de pessoas a bordo para as autoridades via satélite.

Os pilotos das Força Aérea das Seychelles foram formados para operar os drones em cooperação com a Guarda Costeira das Seychelles, de acordo com uma reportagem da maritimecrimes.com.

A Namíbia também está a considerar a utilização de drones para lutar contra a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, de acordo com a revista Farmers Review Africa.

“Com relação à INN, o Ministério de Pescas e Recursos Marinhos está a investigar a utilidade de drones na melhoria das nossas operações,” disse o ministério num comunicado. “Por exemplo, se um veículo de patrulha (viatura ou embarcação) estiver nas proximidades de onde um drone detectar actividade de pesca INN, o veículo pode ser direccionado para aquele lugar, para investigar mais e tomar as medidas adequadas.”

Antes de decidir se se vai utilizar drones ou não, o ministério quer estudar a utilidade das imagens de drones e a sua capacidade de detectar a pesca ilícita à noite.

Desafios de África

A utilização de drones para combater a pesca INN é uma tendência crescente, mas os países africanos enfrentam desafios ao empregá-los, Ian Ralby, um especialista em matéria de segurança marítima que escreveu extensivamente sobre questões relacionadas com as pescas, disse à ADF.

Os drones são difíceis de manter em condições de temperatura tropical, os drones mais pequenos podem não ser capazes de ser enviados para distâncias longas o suficiente para fornecer monitoria adequada e alguns drones não são capazes de ir para além de 12 milhas náuticas, fazendo com que seja difícil fazer a cobertura da ZEE de um país, disse Ralby, PCA da I.R. Consilium.

“Mesmo quando se tem tudo a funcionar, o drone tiver a manutenção e cobrir a área que for necessária, enfrenta-se ainda a questão de que não são todos os Estados que podem admitir provas obtidas através de um drone,” disse Ralby. “Por isso, existe a questão de comprovativos para realmente julgar ou processar, com base numa frente administrativa, os casos de pescas que surgiriam.”

Ainda assim, Ralby disse que pensa que os drones podem ser úteis no combate à pesca INN e outros crimes marítimos em África.

“Iremos provavelmente ver mais disso nos próximos anos,” disse.

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