EQUIPA DA ADF
Os sequestradores usaram máscaras e dispararam de forma aleatória enquanto bloqueavam a estrada Kaduna-Abuja, uma das principais auto-estradas da Nigéria, na tarde do dia 14 de Setembro.
Naquilo que já se tornou num cenário muito familiar num país assolado pela insegurança, duas pessoas foram feridas e várias outras foram retiradas das suas viaturas e levadas como reféns, de acordo com a polícia.
Entre elas estava Emir Alhaji Hassan Atto, de Bungudu, Estado de Zamfara.
As pessoas reagiram com indignação. As notícias de última hora apareceram em todas as manchetes. O jornal Vanguard, da Nigéria, escreveu: “Ninguém está mais em segurança.”
O que os nigerianos chamam de “bandidos” tornaram o rapto para pedido de resgate um negócio lucrativo e um pesadelo crescente de segurança.
A ameaça já tomou o Estado de Zamfara no noroeste e está a alastrar-se para os Estados vizinhos. Está a desviar a atenção da polícia e do exército que tinham de estar focalizados em combater os insurgentes islamitas teimosos, na região nordeste do país.
Os grupos conhecidos como bandidos, muitas vezes, são compostos por gangues armadas, pastores nómadas e jovens desempregados. Alguns funcionários do governo insistem que não são nigerianos e atribuem a culpa às fronteiras porosas do país.
O famoso grupo terroristas islamita, Boko Haram, também criou incursões entrando para a região noroeste.
Por mais de uma década, pastores Fulani e agricultores Hausa da região central e noroeste da Nigéria entraram em confrontos por disputa de água, terra e rotas de pastagem. Milhares foram mortos.
“A população daquele Estado, que é fundamentalmente composta por pastores e agricultores, foi grandemente afectada, uma vez que ficou impossibilitada de levar a cabo as suas actividades económicas,” comentador político a residir em Zamfara, Yusuf Anka, disse à revista online Quartz Africa. “Os bandidos fazem cobrança arbitrária de impostos nas comunidades antes de estas plantarem e colherem os produtos agrícolas. Todos em Zamfara já sofreram uma perda pessoal causada por este banditismo.”
O governador de Zamfara, Bello Matawalle, afirmou, no dia 3 de Abril, que existiam 30.000 bandidos e mais de 100 acampamentos em todo o Estado.
Ele lamentou a década de terror infringido à população, dizendo que 2.619 pessoas foram mortas, entre 2011 e 2019, 1.190 pessoas foram raptadas e mais de 2,3 milhões de dólares pagos em resgate.
“As pessoas ficaram traumatizadas. A economia do Estado foi devastada pela crise,” disse. “A isto acresce-se a proliferação de armas ligeiras e pesadas, com um alto influxo de bandidos oriundos dos países vizinhos e sem solução à vista. A crise resistiu a todas as formas de solução.”
Os bandidos de Zamfara fizeram manchetes em jornais internacionais em Fevereiro quando raptaram 279 raparigas de um internato em Jangebe, apesar de estas terem sido devolvidas poucos dias depois. Outras centenas foram raptadas desde então, fazendo com que os bandidos fortemente armados ganhassem mais coragem para incrementar os seus ataques.
Os bandidos criaram emboscadas contra as forças de segurança e invadiram bases, matando dezenas de pessoas. Um grupo derrubou uma aeronave militar em Julho. As forças nigerianas retaliaram com ataques aéreos, em Agosto, matando pelo menos 78 bandidos.
Matawalle afirmou que a sua administração escolheu negociar com os bandidos para a reconciliação devido à “falta de homens no sector de segurança e uma rede de inteligência fraca.”
Em Abril, o diálogo fez com que 62 bandidos se reintegrassem na sociedade, mas ataques sucessivos obrigaram Matawalle a revogar a sua oferta de paz.
No dia 26 de Agosto, ele suspendeu as feiras semanais, proibiu que as bicicletas e as motorizadas transportassem mais de um passageiro e criou tribunais móveis para julgar os violadores.
No início de Setembro, o Estado impôs uma suspensão de duas semanas nas telecomunicações, interrompendo o trabalho de todos os serviços bancários, telefonia móvel e serviços de internet para ajudar o exército a reprimir os bandidos.
“É uma operação total,” uma fonte da Força Aérea Nigeriana disse à Reuters. “Estamos a acabar com estes elementos de forma agressiva e decisiva.”