EQUIPA DA ADF
A União Europeia (UE) anunciou, durante a Cimeira Mundial da Saúde, em finais de Maio, que irá investir 100 bilhões de euros (mais de 122 bilhões de dólares) para a construção de centros de produção da vacina contra a COVID-19 em África.
O investimento da UE irá ajudar a fortalecer os esforços de longa duração, no sentido de reduzir a dependência dos países africanos de medicamentos importados para o tratamento de doenças mortais.
A contribuição pode incluir apoio directo da UE e financiamento de agências nacionais de desenvolvimento, assim como do Banco Europeu de Desenvolvimento, comunicou o Financial Times, de Londres. A UE também deseja ajudar a fortalecer a capacidade de regulamentação, incluindo a criação da Agência Africana dos Medicamentos, um regulador de medicamentos a nível continental.
Ayoade Alakija, co-presidente da Aliança Africana de Entrega de Vacinas, recebeu com agrado a notícia do apoio da UE. Alakija disse ao Financial Times que a aliança tinha três locais em mente para os futuros centros de fabrico: Ruanda, África do Sul e o Instituto Pasteur, Senegal.
“O maior potencial de África é a sua população. Estamos convosco,” Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse numa reportagem do jornal dos Emirados Árabes Unidos, The National. “Iremos mobilizar os recursos necessários para começarmos a crescer de novo. Por África e uma verdadeira recuperação a nível global.”
Os esforços da UE são concebidos para se mesclarem com os objectivos da União Africana de produzir 60% das necessidades rotineiras de vacinas de África — como aquelas que previnem a pólio e a Hepatite A — no continente, até 2040, comunicou o Financial Times. Actualmente, apenas 1% deste tipo de vacinas são produzidas em África.
Uma semana depois do anúncio da UE, a International Finance Corp. (IFC) afirmou que irá explorar esta área de apoios aos produtores africanos para reforçar o fabrico de vacinas. Os parceiros da IFC, incluindo a International Development Finance Corp., dos EUA, o braço de desenvolvimento do sector privado da França, Proparco, e a Instituição de Desenvolvimento Financeiro Alemã, afirmaram que irão ajuda a financiar centros de produção de vacina no continente.
“Precisamos de vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível… em todo o mundo,” o presidente francês Emmanuel Macron disse numa reportagem da Reuters. “É nosso dever moral; é também interesse de todos.”
O Presidente dos EUA, Joe Biden, apoiou a renúncia dos direitos de propriedade intelectual das vacinas contra a COVID-19, uma acção que permitiria que outros países produzissem as vacinas desenvolvidas nos EUA.
“Estes são os principais passos para a vacinação do mundo contra a COVID-19,” Fátima Hassan, directora da Health Justice Iniciative, da África do Sul, disse à Reuters, depois da decisão de Biden.
Em finais de Maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que África precisa de 20 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 para que os países africanos possam administrar as segundas doses para aqueles que receberam a sua primeira vacina. A solicitação veio depois de um aumento do número de infecções pela COVID-19 em 11 países africanos.
“Estamos a fazer a monitoria da situação de forma atenciosa,” disse a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África. “Vemos que isso representa um equilíbrio no fio da navalha. O que faz com que a implementação rápida das vacinas contra a COVID-19 seja ainda mais importante.”
Moeti disse que são necessários 200 milhões de doses adicionais para vacinar 10% da população de África, de cerca de 1,2 bilhões de habitantes até Setembro.
A UE comprometeu-se em doar pelo menos 100 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 aos países em vias de desenvolvimento este ano, de acordo com a revista Fortune. Os EUA prometeram doar 80 milhões de vacinas, uma porção substancial da qual será através de doações à COVAX, o plano global de distribuição equitativa das vacinas.