Quanto Tempo Dura a Protecção da Vacina?
EQUIPA DA ADF
Aproximadamente 18 meses depois de a COVID-19 ter aparecido pela primeira vez em Wuhan, na China, os pesquisadores ainda estão a aprender novas coisas sobre o vírus e as vacinas estão a ser desenvolvidas para combatê-lo. Entre as perguntas, os cientistas querem responder: por quanto tempo as vacinas protegem contra o vírus?
Um estudo publicado no jornal Science, que analisou a resposta imunológica de algumas pessoas que contraíram a COVID-19, descobriu que a protecção dura pelo menos seis meses e possivelmente até um máximo de oito meses quando a imunidade lentamente reduz depois da infecção inicial.
O referido estudo analisou várias peças do sistema imunológico — células B, células T e outras — que formam a “memória” do corpo quando se trata do reconhecimento de doenças e de combatê-las no futuro.
Depois da infecção inicial, a resposta imunológica do corpo aumenta em cerca de 20 dias e depois decresce para um ponto em que oferece um nível consistente de imunidade. Visto que a COVID-19 é uma nova doença, ainda não se sabe exactamente por quanto tempo essa imunidade dura. Oito meses foi o máximo que se pôde observar até agora.
As vacinações fornecem uma forma segura para simular uma infecção. Ao fazer isso, elas impulsionam as reacções imunológicas do corpo sem necessidade de que alguém contraia a doença de forma natural.
Em alguns casos, as vacinas fornecem uma imunidade mais forte do que as próprias infecções. Com base na imunidade que vem com as infecções da COVID-19, os pesquisadores acreditam que a imunidade derivada da vacinação irá durar aproximadamente o mesmo período de tempo.
“Existem muitos braços diferentes do sistema imunológico para reconhecer o vírus,” Daniela Weiskopf, co-autora do estudo e pesquisadora do Instituto de Imunologia La Jolla da Califórnia, disse ao The Washington Post.
Esses muitos braços também devem proteger contra estirpes mutantes do vírus, como B.1.17 e B.1.135, que estão a circular em muitos países africanos.
“Então, se tiver uma mutação, ela não irá invadir todos estes braços diferentes,” disse Weiskopf.
Como as vacinas contra a COVID-19 foram emitidas numa situação de emergência, os cientistas não foram capazes de realizar o tipo de estudo da fase 3, de longo prazo, que geralmente fazem com as vacinas. Então, com efeito, ainda estão a aprender como as vacinas contra a COVID-19 funcionam no corpo humano e por quanto tempo os seus benefícios duram.
Até ao momento, parece muito provável que as pessoas irão precisar de reforços anuais da vacina para apoiar a sua imunidade contra a COVID-19, de acordo com os especialistas de saúde pública.
Com aproximadamente 100 vacinas contra a COVID-19 em alguma forma de desenvolvimento, os cientistas irão continuar a atacar o vírus de novas formas.
A imunidade derivada da vacina pode, por vezes, ser mais forte e mais duradoura, mas este não é, de nenhuma forma, sempre o caso, pelo que as vacinas contra a COVID-19 propriamente ditas ainda estão por vir,” divulgadora científica, Priya Joi, escreveu no blog da Gavi, a Aliança das Vacinas.
Uma coisa é certa: as vacinas protegem a população de sintomas graves e, até a esta altura, impediram completamente que as pessoas morressem pela COVID-19.
Por essa razão, as autoridades de saúde pública, como John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, continuam a apelar as pessoas para receberem as vacinas contra a COVID-19. “Qualquer vacina é melhor do que absolutamente nenhuma vacina,” disse Nkengasong repetidas vezes.
Mesmo que a imunidade completa decresça com o tempo, o corpo continua preparado para lutar contra o vírus, evitando a gravidade de futuras reinfecções do que se a pessoa não tiver sido vacinada, de acordo com o estudo.
“Mesmo que os níveis dos anticorpos reduzam e a pessoa seja reinfectada ou infectada com uma variante, as células da memória B — se forem suficientes — irão responder de forma muito rápida e impedir essa doença grave,” David Topham, professor de microbiologia e imunologia na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, disse ao The Washington Post..
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