Apoio Comunitário como Chave para Derrotar o al-Shabaab no Quénia

EQUIPA DA ADF

Durante aproximadamente uma década, o povo do Condado de Mandera, no nordeste do Quénia, viveu sob constantes ameaças do grupo extremista al-Shabaab, quando este semeou morte e caos ao longo da região fronteiriça.

Este mesmo povo pode ter a chave para derrotar os terroristas.

Ganhar a confiança e apoiar a comunidade são a melhor forma de ajudar as forças de segurança na luta contra o al-Shabaab, concluiu um novo relatório do Instituto de Estudos de Segurança (ISS Africa).

“Embora o governo tenha tentado expulsar os terroristas para fora do Quénia, este não será bem-sucedido sem o apoio da comunidade e uma rede extensiva de inteligência,” escreveram os autores. “Também é necessário lidar com a corrupção — um problema que está a destruir a confiança do povo de Mandera.”

Os ataques começaram em 2011, e acredita-se que foram feitos em retaliação à cooperação coordenada entre o exército da Somália e o exército do Quénia, num papel de apoio, contra os insurgentes do al-Shabaab, no sul da Somália. Em 2012, as forças quenianas foram trazidas formalmente para a Missão da União Africana na Somália (AMISOM).

Nestes últimos meses, o al-Shabaab atacou de forma violenta o Condado de Mandera.

O governador do condado, Ali Roba, que sobreviveu a várias tentativas de assassinato, alertou ao público e as autoridades nacionais que os grupos terroristas estão cada vez mais corajosos.

“Uma crise de segurança séria está a desenvolver-se no Condado de Mandera, causada por movimentos incansáveis de células terroristas,” escreveu num editorial do jornal queniano, The Standard. Esta situação tem estado a desenvolver-se desde os passados três meses, mas acaba de alcançar níveis sem precedentes.

“Existe uma necessidade de mudar a abordagem em relação à forma como lidamos com esta situação, caso contrário, em breve iremos estar sob um governo terrorista.”

Roba disse que o al-Shabaab pode operar livremente em mais de 60% do Condado de Madeira.

Ele comunicou que recentemente os terroristas destruíram postos policiais e torres de telecomunicações, raptaram e mataram civis e levaram gado dos pastores à força, dizendo tratar-se daquilo que eles falsamente chamam de zakat, um imposto islâmico obrigatório.

O governo do condado construiu um acampamento estratégico, trouxe veículos e contratou 333 reservistas quenianos para apoiar a polícia, embora alguns deles tenham sido mortos.

A insegurança levou a que houvesse uma grave carência de professores e ao encerramento de mais de metade das 295 escolas do condado. Mais de 120.000 alunos de Mandera desistiram dos estudos nos últimos 12 meses — o que faz deles excelentes candidatos para o recrutamento do al-Shabaab.

As autoridades de Roba e de outros lugares pediram ajuda ao governo federal.

Billow Kerrow, antigo alto funcionário do Condado de Mandera, chamou-o de uma falha sistemática.

“As pessoas daquela região fornecem informação às forças de segurança, mas nada é feito,” disse ao The Standard. “Quando os terroristas se movimentam mais de 200 km para dentro do condado, o governo não pode simular ignorância.”

A princípio, a resposta era mais pessoal, mas, em Fevereiro, o Ministro do Interior, Fred Matiang’i, reuniu-se com os líderes de Roba e de Mandera. Envolver novamente a comunidade foi uma das principais prioridades na sua lista.

“Os dois níveis de governo irão conjuntamente mobilizar os residentes locais para estabelecer uma colaboração com os oficiais de segurança a fim de denunciar e expulsar o inimigo,” o Ministro do Interior do Quénia publicou no Twitter, em Fevereiro.

As forças armadas por si só não irão acabar com o al-Shabaab em Mandera, lê-se no relatório do ISS Africa. O Quénia deve melhorar o controlo das fronteiras e restaurar o sistema de educação — deve também olhar para o seu povo para obter soluções.

“Ganhar a confiança dos civis através do policiamento comunitário e de um envolvimento colaborativo honesto é fundamental para o sucesso da recolha de informação e de operações estratégicas contra o terrorismo,” escreveram os autores.

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