China Desiste do Carvão Local para Explorar o de África

EQUIPA DA ADF

A China Procurou promover a energia limpa domesticamente em resposta aos protestos contra a poluição dos céus e dos cursos de água. Quando se trata da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR) da China, em África, contudo, muitos projectos ainda funcionam à base de carvão.

De acordo com a Greenpeace, os bancos chineses estão a financiar pelo menos 13 projectos de energia à base de carvão em África, com mais nove planificados.

Desde o ano 2000, a China investiu mais de 50 bilhões de dólares em carvão no estrangeiro. O Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportações e Importações da China sozinhos injectaram 6,5 bilhões de dólares em projectos de carvão em África, de acordo com o Centro Global de Políticas de Desenvolvimento da Universidade de Boston.

Observadores apontam para a redução da necessidade de especialistas, infra-estruturas e equipamento de carvão a nível interno, na China, como uma razão para exportá-los.

“É uma indústria em decadência,” Han Chen, gestor do programa internacional de políticas de energia no Conselho de Defesa de Recursos Nacionais, sediado nos EUA, disse à Bloomberg. “Então, eles vão para lugares onde os padrões ambientais são baixos para que possam utilizar mais equipamento que polui e é mais barata.”

Lançada em 2013, a ICR é um plano de infra-estrutura para ligar Ásia, África e Europa. Os críticos afirmam que o seu propósito é de espalhar a influência chinesa no exterior enquanto alimenta a sua economia e sobrecarrega os países africanos com dívidas insustentáveis.

Novos projectos de carvão criam a dependência da China, de acordo com Lidy Nacpil, coordenadora do Movimento do Povo Asiático sobre Dívida e Desenvolvimento. Ela afirma que a China oferece taxas mais baixas em relação ao mercado, enquanto impõe condições como a contratação de empresas e trabalhadores chineses.

“É preocupante que esses projectos estejam a colocar muitos destes jovens países em ciclos de dependência do carvão que irá durar séculos e séculos,” Nacpil disse à instituição ambiental sem fins lucrativos alemã, Urgewald.

Um ciclo vicioso de armadilha da dívida está em vista na maior parte das centrais de carvão recentemente construídas, que têm uma expectativa da média do tempo de vida útil de cerca de 40 anos. O custo decadente de fontes renováveis e de armazenamento de energia fez com que algumas novas fontes à base do vento e do sol fossem menos caras do que o carvão.

“Os investimentos no carvão podem cada vez mais tornar-se ‘activos estagnados’, uma vez que os preços de alternativas diminui e os custos sociais do carvão são mais compreendidos,” de acordo com o Centro Global de Políticas de Desenvolvimento.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, juntou-se ao coro contra novas centrais à base de carvão. Num encontro virtual com estudantes da Universidade de Tsinghua, em Pequim, em Julho, ele criticou os projectos de carvão em curso, embora tenha diplomaticamente evitado mencionar a China.

“Incomoda muito que as novas centrais de carvão ainda estejam a ser planificadas e financiadas, apesar de as ofertas de energias renováveis oferecerem três vezes mais empregos e serem agora mais baratas do que o carvão na maior parte dos países,” disse.

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