UA Defende Aplicativo para Apoiar a Reabertura Económica

EQUIPA DA ADF

À medida que as economias nacionais começam a reabrir depois dos confinamentos obrigatórios da pandemia, a União Africana recorre a uma nova tecnologia produzida internamente para ajudar as empresas enquanto se efectua o rastreio do potencial para novos surtos.

Trata-se de um aplicativo para smartphones concebido em África e designado de PanaBIOS, o qual oferece uma forma de os governos fazerem a monitoria do movimento das pessoas, em particular aquelas que possam ter testado positivo para a COVID-19 assim como para impedir grandes aglomerados.

À medida que os casos de COVID-19 em África excedem 1,3 milhões, o uso generalizado de PanaBIOS é crucial para a abertura, em 2021, de uma zona de comércio livre continental planificada pela UA. Esse projecto, que permitirá o movimento de pessoas e bens em todas as fronteiras abertas, precisará de uma forma de rastrear a propagação da COVID-19 e doenças semelhantes.

Em muitos casos, os países estão a reabrir, mas exigem múltiplos testes negativos de COVID-19 ou quarentenas com duração de 14 dias para os recém-chegados. Os defensores do PanaBIOS dizem que o aplicativo podia resolver alguns desses problemas, fornecendo aos viajantes um registo digital do seu estado de saúde que possam levar consigo para outros países. Caso se registe um surto de COVID-19, os rastreadores de contactos podem utilizar os dados do PanaBIOS para saberem quem esteve na zona do surto e alertá-los de forma rápida para que possam ser testados.

O aplicativo tem sido testado em Gana desde Junho. O Gana retomou recentemente os voos internacionais, mas ainda exige que sejam feitos testes de COVID-19 antes de os visitantes saírem dos seus países de origem e depois mais uma vez quando chegam a Acra, a capital. Aquele país realizou um pequeno teste do PanaBIOS durante as suas eleições, enquanto a pandemia se propagava, no início deste ano.

“Gana está a ser utilizado como o pioneiro,” disse a Ministra de Comunicações, Ursula Owusu-Ekuful, durante o lançamento do projecto em Junho. “Usando a tecnologia, iremos edificar uma economia que é segura e que cria um ambiente de colaboração onde todos contribuem para reduzir a taxa de infecções.”

O software pode ser baixado sem nenhum custo nas lojas virtuais de venda de aplicativos (app stores) ou a partir da página da internet https://panabios.org. Os usuários registam-se com o seu nome e número de telefone. Caso tenham um documento que certifica que estão livres da COVID-19, este pode ser incluído no seu arquivo digital, habilitando-os a deslocarem-se de um país para outro.

O software faz a monitoria e a modelação de grupos de pessoas e alerta aos usuários caso tenham potencialmente estado em contacto com uma pessoa infectada. A tecnologia tem o apoio da PanaBIOS Consortium, um conjunto de instituições continentais que inclui a União Africana, a Junta de Turismo de África e a AfroChampions, um grupo das maiores empresas do continente, sediado na Nigéria, o qual defende uma zona de comércio livre.

“O PanaBIOS é um testemunho claro de que uma nova forma de resolver os problemas complexos, unindo todos os níveis da sociedade numa estrutura comum, não é apenas viável mas também a única forma de se poder avançar em muitos contextos importantes,” Preston Asante, responsável das relações públicas da PanaBIOS Consortium, disse à ADF.

Asante referiu que outros países já estão a seguir o exemplo do Gana e a acederem ao PanaBIOS, embora tenha preferido não mencioná-los. O programa está a ser aperfeiçoado com base na experiência do Gana, disse ele.

“Sabemos, por exemplo, que realizar testes à chegada pode fornecer dados empíricos sobre a taxa de insucesso dos ‘certificados de testes negativos'” disse, “e que precisamos de utilizar mais [inteligência artificial] para refinar o modelo estatístico que recorre a esses dados para sugerir o melhor período de tempo para a realização de testes antes da partida.”

O PanaBIOS e a sua habilidade de rastrear pessoas e dar alertas sobre potenciais zonas mais propensas ao contágio pela COVID-19 será uma parte crucial para o reinício das viagens transfronteiriças e do turismo dentro do continente, de acordo com Doris Woerfel, PCA da Junta de Turismo de África (ATB), sediada em Pretória, na África do Sul.

“Na ATB, estamos numa busca constante por parceiros e por programas desenvolvidos por africanos para africanos,” disse Woerfel. “A AfroChampions e os seus programas de software fantásticos são exactamente o que é necessário para facilitar as viagens de um país para outro.”

Embora reforce a biossegurança da nação, acrescentou Asante, o PanaBIOS levanta questões complexas de equilíbrio entre a segurança nacional e a privacidade pessoal e os direitos humanos.

“Estas são questões extremamente complexas e nenhuma parte do mundo sabe lidar com elas,” disse Asante. “Estamos completamente convencidos de que estamos prestes a adquirir conhecimentos inovadores aqui em África que irão revolucionar a forma como o mundo inteiro lida com estas novas complexidades.”

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