EQUIPA DA ADF
Vários meses antes de se ouvir a primeira notícia sobre a COVID-19, Peter Cunliffe-Jones proferiu o discurso de abertura na Cimeira Global de Verificação de Factos, de 2019, na cidade do Cabo.
“Lutar contra a desinformação é como lutar contra um vírus,” disse. “A verificação de factos é uma vacina.”
Um ano depois, Cunliffe-Jones, o fundador dos serviços de verificação de factos sem fins lucrativos, Africa Check, viu tudo claramente como a doença figurativa da desinformação pode ajudar a alastrar uma verdadeira doença.
“A desinformação não é o único problema; são muitos,” disse. “É um problema de falsa informação. É um problema de falta de acesso à e falta de confiança em informação fidedigna. É um problema de como compreendemos o nosso mundo. Informação falsa é prejudicial, dependendo do seu contexto.”
A pandemia trouxe ao de cima uma avalanche de falsidade, mentiras e informação enganosa. Rumores e teorias de conspiração fizeram circular, quase que imediatamente, a causa do vírus, tratamentos não comprovados e, mais recentemente, declarações anti-vacina.
Ajudam a propagar a COVID-19, impedindo ao mesmo tempo as respostas dos governos e deteriorando a confiança do público.
O lançamento da Africa Check foi feito em Joanesburgo, em 2012, depois de este ter ganho um concurso sobre inovação de notícias, patrocinado pela Google. A primeira organização de verificação de factos do continente é um instrumento essencial na luta contra a “infodemia” da COVID-19, definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma superabundância de informação, online e offline.”
No início de Dezembro, a Africa Check juntou-se à nova iniciativa da OMS, chamada Aliança da Resposta da Infodemia de África, uma equipa de 13 organizações internacionais e regionais e grupos de verificação de factos que rastreiam e corrigem a desinformação.
“Na Africa Check, estamos cientes de que não podemos fazê-lo sozinhos, a colaboração é crucial,” Lee Mwiti, editor-chefe da Africa Check, disse em comunicado. “Estamos interessados em fazer parte desta aliança de múltiplos parceiros.”
A Africa Check também está a participar nos esforços da instituição de caridade Full Fact, que junta o Facebook, o Twitter, o YouTube e um anfitrião de outros verificadores de factos, pesquisadores e governos, para se encontrar novas formas de combater de forma uniforme a desinformação.
Mwiti também alistou o WhatsApp, uma plataforma de envio e recepção de mensagens popular em África, como sendo um problema especialmente difícil para os verificadores de factos. A rede fechada e criptografada do aplicativo faz com que seja difícil que a Africa Check avalie o alastramento de falsidades e as possa combater.
No início deste ano, a Africa Check fez o lançamento de um podcast chamado “O que é lixo no WhatsApp”, que teve um aumento de 1.718 subscritores em Janeiro para 5.413 em Junho. A organização sem fins lucrativos também fez o lançamento de um chatbot no aplicativo chamado Kweli, que corrige ou comprova informação enviada por usuários.
A Africa Check está envolvida em muitos outros projectos dedicados à luta contra a propagação de falsas notícias.
- Faz parceria com o Centro Africano de Provas, da Universidade de Joanesburgo, para pesquisar a propagação de desinformação sobre a COVID-19.
- Realiza workshops para formar jornalistas de todo o mundo, incluindo estudantes de África.
- Está a criar um grupo de “Embaixadores de Factos” para disseminar verificações de factos, guias e material educativo de média para os pares nas suas redes sociais.
“Trabalhar juntos para lidar contra a desinformação em torno da pandemia é de extrema importância, em particular quando nos aproximamos mais da disponibilização de vacinas viáveis,” Subsecretária-geral das Nações Unidas para as comunicações globais, Melissa Fleming disse em comunicado no lançamento da aliança.
“Sabemos que a desinformação pode causar danos sérios e minar a confiança na medicina e na ciência quando esta é mais necessária e, em última instância, impedir qualquer esforço de saúde pública para pôr um fim à pandemia que desnecessariamente continua a ceifar tantas vidas em toda a África.”