Tecnologia de Satélites Ajuda Alunos Africanos a Aprenderem Durante a Pandemia

EQUIPA DA ADF

Para muitos alunos da África Subsariana, aprender de forma remota simplesmente não é possível. Cerca de um terço da população não possui acesso adequado à internet, de acordo com o Banco Mundial.

A situação deixa pais e alunos em agonia, mas alguns países utilizam a tecnologia de satélite para atenuar as suas preocupações educacionais.

No Gana, o canal de televisão Joy Learning oferece conteúdo de ensino gratuito aos alunos e pode ser visto por telespectadores na África Ocidental, através de um descodificador normal ou uma TV com um sintonizador integrado, directamente a partir de casa.

O canal faz parte de uma colaboração da Multimédia Group, uma plataforma de e-learning; K-Net, um provedor de serviços de telecomunicações; e a SES, um provedor de serviços de telecomunicações que também oferece serviços de difusão e capacidade de satélite, noticiou a Africanews.

O lançamento da Joy Learning ocorreu no dia 30 de Dezembro de 2019, cerca de 10 semanas antes do primeiro caso de COVID-19 ter sido confirmado no Gana.

Pat-Click Osei Amoah, aluno do ensino secundário do segundo ciclo, na Accra Academy, disse que o canal é útil.

“Penso que algumas das disciplinas fundamentais, como ciências, são difíceis para aprender sozinho. [O canal de televisão] ajudou-me muito,” disse Pat-Click ao canal televisivo Joy News. “Quando recebi o meu exame, fui o segundo melhor aluno em todas as disciplinas.”

O governo do Gana também introduziu salas de aulas virtuais, Gana Learning TV, que se pode aceder através da televisão. Tal como a Joy Learning, a plataforma de ensino à distância pode ser utilizada por alunos de toda a África Ocidental.

No Quénia, o programa de tecnologia de ensino iMlango ajuda 180.000 alunos do Quénia, incluindo 70.000 raparigas marginalizadas, em 240 escolas, a aprenderem de forma remota durante a pandemia.

Avanti Communications, um parceiro da iMlango, fornece ligações de internet para escolas primárias através de satélite de modo a permitir que os alunos possam aceder a uma plataforma de e-learning. Camara Education, uma organização sem fins lucrativos internacional, fornece computadores recuperados, e a Whizz Education oferece conteúdo educativo online, de acordo com a Africanews.

iMlango também fez o lançamento de um aplicativo que pode ser baixado para os telemóveis dos pais nas zonas rurais. O aplicativo oferece livros digitais de histórias, uma enciclopédia infantil, acesso a um tutor de matemática interactivo e podcasts educativos relacionados com o currículo e-learning. O programa é oferecido nas escolas primárias dos condados de Kilifi, Kajiado, Makueni e Uasin Gishu, tendo em conta as taxas de pobreza, estatísticas de assiduidade e acesso à electricidade.

Durante o período do confinamento obrigatório, na África do Sul, a organização sem fins lucrativos, Khul Education, utilizou banda larga de satélite para ajudar a ligar 15 escolas do distrito de uMzinyathi às instalações de e-learning. As empresas de comunicação por satélite, MorClick e YahClick, patrocinaram a iniciativa, que beneficiou 6.000 alunos e 200 professores das zonas rurais, reportou a Africanews.

Depois do confinamento obrigatório, 15 escolas continuaram ligadas à banda larga de satélite a um custo reduzido, dividido entre a Khul e as escolas. A Khul também promoveu formação sobre tecnologia de informação para educadores que dão aulas de cursos online, enquanto as doações feitas para a Khul ajudaram a fornecer tablets e laptops para professores e alunos.

A introdução de oportunidades digitais de aprendizagem em uMzinyathi “transformou a aprendizagem, expandiu a capacidade para ensinar e melhorou significativamente a qualidade e a eficácia do ensino, literalmente, da noite para o dia,” Debbie Heustice, directora da Khul Education, disse à Africanews.

Mas aprender durante a pandemia continua a ser um desafio para muitos alunos do continente, especialmente nas zonas rurais.

Elizabeth Ampomah, aluna do ensino secundário do primeiro ciclo em Tamale, Gana, disse que acede diariamente a conteúdos educativos e exercícios através do telemóvel da mãe. Mas muitos dos seus colegas têm dificuldade de aprender de forma remota por falta de recursos.

“Uma grande parte de nós, na minha comunidade, não possui tecnologias, tais como um aparelho de televisão, computadores, smartphones e outros dispositivos online, nem uma ligação estável à internet,” disse ela num comunicado da globalpartnership.org. “Alguns alunos, como eu, dependem da escola para poderem aceder a fichas e dispositivos, por isso, o encerramento das escolas significa que muitos alunos, com recursos limitados em casa, estão impossibilitados de aprender.”

Comentários estão fechados.