EQUIPA DA ADF
Quando o Dr. Abdullahi Sheikdon Dini e os seus parceiros decidiram abrir o único laboratório de diagnósticos de Mogadíscio, eles focalizaram-se nos testes de sarampo e outras doenças. Mas depois chegou a COVID-19.
Juntamente com outros quatro médicos, Dini angariou 1 milhão de dólares para o financiamento do Medipark Diagnostics para realizar testes de diagnósticos avançados e para apoiar o pequeno sistema de saúde da Somália.
O laboratório abriu em Janeiro. Dois meses depois, no dia 16 de Março, um médico somali que regressou da China tornou-se o “paciente zero” de COVID-19. Na altura, esse diagnóstico veio de um laboratório do Quénia.
Desde esse dia, a Somália registou mais de 4.301 casos e 107 mortes causadas pela doença respiratória até ao dia 16 de Novembro, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. O estigma associado à doença significa que o país pode ter mais casos não registados porque as pessoas evitam procurar ajuda.
Dini disse que o grupo construiu um laboratório de diagnósticos para ajudar o país a ter uma melhor resposta à doença.
“Vimos que havia uma necessidade de um laboratório em Somália porque os testes eram enviados a laboratórios do exterior,” disse Dini à Reuters. “Fizemos a proposta e estabelecemos este laboratório em vez de abrir um hospital.”
Até à altura em que o Medipark Diagnostic abriu, os médicos da Somália tinham de esperar durante semanas pelos resultados dos testes. Hoje, os hospitais em Mogadíscio podem ter respostas dentro de algumas horas ou dias.
Essa maior rapidez no tempo de resposta fez uma grande diferença, uma vez que o governo da Somália trabalha para conter a propagação da COVID-19.
Durante a primeira metade de 2020, Medipark era o único laboratório privado que realizava testes da COVID-19. Desde Julho, o pessoal de Dini formou outros cientistas em termos de procedimentos, aumentando a habilidade do país em responder à doença.
“Tínhamos os materiais, e os nossos patologistas moleculares estavam em comunicação com outros patologistas que realizavam testes da COVID-19 em outros países,” disse Dini à Reuters. “Precisavam de nós, pois reconheciam o nosso trabalho.”
Também em Julho, o Banco Africano de Desenvolvimento aprovou uma subvenção de 25 milhões de dólares para ajudar a Somália a fortalecer o seu sistema de saúde em resposta à COVID-19.
O Medipark tornou-se uma componente fundamental desta resposta, que na sua maioria foi levada a cabo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de acordo com a Dra. Sahra Isse Mohamed, directora do Laboratório de Saúde Pública Nacional de Referência.
“Quando vi a rapidez com que a COVID-19 se alastrava, pensei que os somalis estariam em apuros,” disse Sahra durante uma visita de representantes da OMS. “Outros países estavam a começar a entrar em confinamento obrigatório em todos os lugares, e nós não tínhamos capacidades ou habilidades para realizar o teste do vírus nos pacientes.”
Passadas três semanas depois de registado o primeiro caso de COVID-19, o Medipark Diagnostics tinha trabalhado com recursos nacionais e internacionais para criar a capacidade própria da Somália para realizar o teste do vírus, disse Sahra.
Através das suas próprias ligações internacionais — Dini estudou na Índia e na China — o Medipark estabeleceu rotas para a importação de materiais necessários para realizar testes da COVID-19. O seu pessoal internacional, a maioria mulheres, inclui membros da Índia, Quénia e Líbano.
O Dr. Ali Musa, presidente do Medipark, um dos cinco médicos que fundaram o laboratório, regressou à Somália para ajudar a criá-lo depois de praticar em Ruanda e no Sudão do Sul.
“Estou feliz em poder ajudar a minha comunidade e fazer a diferença,” disse ele.