EQUIPA DA ADF
Cinco pessoas foram sequestradas na estrada Mayo Djarendi-Madingring, no norte dos Camarões, no início de Setembro.
Os raptores, conhecidos pela sua actividade na região de Mayo-Rey, exigiram um resgate de 40.000.000 francos CFA centro-africanos (quase 67.000 dólares) para libertar os reféns, segundo o jornal Actu Cameroun.
As vítimas trabalhavam para o Programa Sectorial das Florestas e do Ambiente, o que suscitou preocupações quanto à segurança dos trabalhadores humanitários e dos funcionários dos programas de desenvolvimento na região.
No final de Outubro, bandidos raptaram 40 pessoas do Chade e dos Camarões na comuna de Touboro, no norte dos Camarões.
O Presidente do Município de Touboro, Célestin Yandal, disse que as vítimas regressavam a casa depois de terem vendido gado num mercado local.
“Domingo é o dia de feira de gado de Touboro,” Yandal disse à BBC. “Os chadianos vêm com gado, que vendem e vão embora, pois fica apenas a 25 quilómetros do Chade. Assim, no regresso, às 17 horas, foram emboscados numa pequena reserva da aldeia chamada Mba Lainde.”
Os raptos e os sequestros com pedido de resgate são uma ameaça crescente no norte dos Camarões, onde criminosos de vários países atravessam as fronteiras para capturar ou esconder as suas vítimas, alimentando uma ameaça transnacional complexa.
De acordo com a revista Jeune Afrique, os raptores do norte dos Camarões têm arrecadado milhões de dólares por ano desde 2017, apesar dos esforços do governo para reprimir a ameaça, incluindo o envio de militares para a região e a criação de comités de vigilantes.
Os raptores no norte dos Camarões visam normalmente agricultores, criadores de gado, comerciantes e trabalhadores humanitários devido à sua presumível capacidade de pagar um resgate, de acordo com o Instituto de Estudos de Segurança (ISS).
Em 2019, Kildadi Taguiéké Boukar, governador da região de Adamaoua, perguntou a um pastor local por que razão tinha decidido participar num plano de rapto com pedido de resgate.
“Desde que nasci, o meu próprio pai nunca me deu 100.000 francos CFA [cerca de 167 dólares],” disse o pastor numa reportagem da Jeune Afrique. “Mas quando estes tipos [raptores] chegaram, ofereceram-me 600.000 francos CFA [mais de 1.000 dólares] para lhes mostrar a casa do maior criador da aldeia. E eu o fiz.”
Antigos reféns disseram ao ISS que os raptores vêm de vários países. Um refém libertado em Garoua disse que os seus raptores eram nigerianos, enquanto outro disse que alguns dos seus raptores eram sudaneses.
Outros antigos reféns disseram que os seus raptores eram predominantemente pastores Fulani, Mbororo e Choa Árabe que falavam Fulfulde ou Árabe. Os seus sotaques variavam e incluíam os que se ouvem nos Camarões, no Chade, no Níger, no Sudão e em toda a África Central.
Vários entrevistados sugeriram que os raptores também incluem grupos armados dos Camarões, antigos rebeldes e membros do sector da segurança.
Depois de recolherem informações junto dos residentes locais, os criminosos intimidam ou chantageiam as potenciais vítimas, exigindo que o dinheiro seja enviado para um local específico, informou o ISS. Se isso não resultar, ameaçam com um sequestro. Uma vez raptadas, as vítimas são normalmente levadas para zonas montanhosas remotas.
Por telefone, os raptores designam um local para a entrega do resgate e avisam as famílias das vítimas para não alertarem as autoridades. Algumas vítimas são mortas quando o seu resgate não é pago.
Devido à natureza transfronteiriça dos raptos, o investigador do ISS, Célestin Delanga, defendeu uma maior cooperação entre os Camarões, a República Centro-Africana, o Chade e a Nigéria.
A Força-Tarefa Conjunta Multinacional, empenhada na luta contra o Boko Haram, poderia alargar as suas operações para ajudar a resolver o problema, enquanto as autoridades dos países que partilham fronteiras deveriam controlar mais eficazmente o tráfico de seres humanos, escreveu Delanga, acrescentando que as empresas de telemóveis poderiam ajudar a localizar geograficamente as vítimas de rapto.