EQUIPA DA ADF
Apesar da ameaça de uma outra vaga da COVID-19 nos próximos meses, as autoridades sul-africanas estão a tentar relaxar o seu controlo rigoroso dos confinamentos obrigatórios e a exigência do cumprimento dos confinamentos obrigatórios.
As autoridades sanitárias afirmam que um conjunto de factores está a contribuir para a possibilidade de uma quarta vaga da COVID-19 naquele país, por volta de Dezembro de 2021 ou Janeiro de 2022. O país encontra-se nos seus últimos dias da sua terceira vaga, que atingiu o pico em inícios de Julho. O investigador da COVID-19, Shabir Madhi, disse que caso uma quarta vaga comece, os confinamentos obrigatórios apenas seriam exigidos para “províncias relevantes e específicas.” Ele disse que uma abordagem nacional que o país até agora tomou, durante a pandemia, não faz sentido porque cada província é afectada de forma diferente.
“Precisamos de uma abordagem diferenciada — as restrições não ajudaram na prevenção das infecções,” disse Madhi, de acordo com o sítio de notícias e informação médica Clinical Trials Arena. Ele observou que o objectivo dos confinamentos obrigatórios é de alcançar zero infecções comunitárias, o que não constitui o objectivo final das autoridades sanitárias sul-africanas.
As autoridades policiais estão a dizer que mesmo que uma outra vaga atinja o país, irão conversar mais com os cidadãos e prender menos. O Ministro da Polícia, Bheki Cele, disse ao Sunday Times que durante o pico da pandemia da COVID-19, os cidadãos reclamavam que a polícia era exageradamente agressiva na exigência do cumprimento das regras e dos regulamentos. Cele disse que as autoridades começaram a repensar a sua abordagem depois de o actual confinamento obrigatório ter sido relaxado para o Nível de Alerta 1, em Setembro.
Por enquanto, disse Cele, a polícia irá utilizar uma estratégia mais suave ao lidar com o público.
“Quando se anda por aí a perguntar as pessoas onde as suas máscaras estão, todas retiram-nas do bolso, sem errar,” disse ao Times. “O regulamento diz que devemos recordar as pessoas e, se não tiverem usado as máscaras, devemos prendê-las.”
Cele disse que o distanciamento físico é o maior factor para o controlo da doença. As autoridades dizem que esse distanciamento foi um problema principalmente nas últimas semanas que antecederam as eleições municipais do dia 1 de Novembro, em todo o país.
Cele disse que os estabelecimentos não licenciados de venda de bebidas alcoólicas do país, chamados “sheebeens,” continuam a ser um problema e uma fonte de preocupação para as autoridades, por causa das suas práticas não seguras.
“Já recebi muitas chamadas, mesmo depois da meia-noite, afirmando que eles não fecham os seus estabelecimentos,” disse Cele. “Se calhar ainda existe muito trabalho de exigência de comprimento que é necessário que seja feito lá.”
As autoridades não hesitavam em fazer apreensões no primeiro ano da COVID-19. Em Abril de 2021, as autoridades anunciaram que 411.309 pessoas tinham sido apreendidas por violar os regulamentos desde que os confinamentos obrigatórios começaram, em finais de Março de 2020, e duraram até finais de Fevereiro de 2021. Em muitos casos, as apreensões foram por acusações de violação de regras de aglomeração e violação do horário do recolher obrigatório nocturno, anunciou a página da internet sul-africana Business Tech.
O exército sul-africano também desempenhou um papel na exigência do cumprimento das regras de confinamento obrigatório total do país e, tal como a polícia, foi acusado de ter uma mão dura. Quase que desde o início do confinamento obrigatório da COVID-19, em 2020, noticiou a Agência Africana de Notícias, os cidadãos começaram a reclamar sobre o uso de força excessiva e agressão física nas mãos das forças de segurança que exigiam o cumprimento das restrições.
No domingo, dia 31 de Outubro, Cele instruiu a polícia nacional a tomar todas as medidas necessárias para assegurar que todos os cidadãos fossem capazes de votar de forma segura nas eleições nacionais do dia seguinte. Cele disse que pelo menos 10.000 soldados sul-africanos iriam juntar-se aos agentes da polícia para garantir segurança adicional.
Desde que a pandemia começou, a África do Sul já teve aproximadamente 3 milhões de casos confirmados de COVID-19 e aproximadamente 90.000 mortes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.