Os líderes marítimos de 31 dos 38 países costeiros de África reuniram-se em Cabo Verde, no fim de Março, para debaterem estratégias de colaboração com vista a combater a criminalidade marítima, durante a primeiríssima Cimeira das Forças Marítimas Africanas.
Prevista para ser uma conferência anual, a cimeira envolveu a liderança marítima sénior máxima de todo o continente, assim como da Europa, América do Norte e América do Sul. Cabo Verde, em parceria com as Forças Navais dos EUA da Europa e África, acolheu aquela cimeira de três dias.
Durante o evento, os líderes debateram um conjunto de problemas de segurança marítima, incluindo a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN) — que lesa o continente em aproximadamente 11,5 bilhões de dólares — a pirataria, o roubo de petróleo, o contrabando de drogas e o tráfico de seres humanos e de armas.
O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse que confrontar de forma bem-sucedida aqueles crimes é um imperativo para o desenvolvimento económico, a paz e a estabilidade do continente.
“Estes são ataques, riscos e ameaças do mundo do crime que devem ser combatidos e vencidos de forma permanente, com instituições fortes e engajadas ao nível de cada país e parcerias fortes ao nível de interesses de cooperação em segurança comuns,” disse Correia e Silva. “Uma parceria para defesa e segurança é tão importante quanto uma parceria para o desenvolvimento. É, na verdade, uma condição para o desenvolvimento.”
Durante a cimeira, os líderes debateram formas de fortalecer a aplicação da lei e os papéis da infantaria naval e a colaboração sobre iniciativas nas águas africanas, incluindo o Oceano Atlântico, Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo.
Durante uma visita ao USS Bulkeley, um destruidor de mísseis teleguiado, líderes navais e jovens estudantes cabo-verdianos observaram demonstrações de combate a incêndios, exercícios de abordagem conjunta da Guarda Costeira dos EUA e de Cabo Verde e ainda simulação de robots para o descarte de bombas, realizado pelos Fuzileiros Navais dos EUA.
Para além de Cabo Verde, os países africanos participantes foram Angola, Benin, Camarões, Ilhas Comores, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Djibouti, Egipto, Guiné Equatorial, Gabão, Gana, Guiné-Bissau, Quénia, Libéria, Líbia, Madagáscar, Mauritânia, Marrocos, Moçambique, Nigéria, República do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Seicheles, Serra Leoa, África do Sul, Tanzânia, Gâmbia, Togo e Tunísia.
“É necessário que todos nós trabalhemos juntos para lidarmos com os tipos de desafios que estamos aqui para debater,” disse Carlos Del Toro, Secretário da Marinha dos EUA. “E conforme diz o provérbio queniano, ‘Ter um bom debate é como ter riquezas.’ Juntos, neste tipo de atmosfera, construímos um ambiente ancorado em confiança e respeito mútuos.”
No fim da cimeira, o Chefe da Defesa de Cabo-Verde, o Contra-Almirante António Duarte Monteiro, enfatizou a importância da cooperação entre os parceiros regionais e internacionais.
“As ameaças à segurança marítima não respeitam limites políticos e existe muito pouco que os países podem fazer sozinhos,” disse Monteiro. “A necessidade de cooperar com os outros é fundamental para o próprio conceito da melhoria de segurança marítima e do desenvolvimento sustentável da economia azul. A cooperação com outros países na segurança, aplicação da lei e protecção do meio ambiente não deve ser vista como uma derrogação da soberania, mas como uma multiplicação da eficácia na nossa soberania.”