EQUIPA DA ADF
Enquanto alguns países africanos emergem da mais recente vaga de infecções pelo COVID-19, os líderes em saúde pública do continente preparam-se para a próxima vaga, que se espera que chegue com as festividades de fim de ano.
“Esta redução é uma boa notícia, mas não deve ser uma razão para baixarmos a nossa guarda,” disse recentemente a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, na República do Congo.
Com a aproximação do segundo aniversário do surto da pandemia, as infecções pela COVID-19 apresentam um padrão: As vagas aumentam e diminuem no decurso de dois a três meses, separados por interrupções durante as quais os países, muitas vezes, relaxam as medidas de segurança.
Os grandes eventos sociais e as reuniões familiares típicas do período das festas de Dezembro e Janeiro coincidiram com uma nova vaga de infecções em 2020/21. As autoridades sanitárias e outros especialistas esperam que aquele padrão venha a repetir-se a menos que mais pessoas tomem precauções, como o uso da máscara, a melhoria da higiene e evitar grandes aglomerados.
“Infelizmente, uma quarta vaga irá acontecer. “A matemática disso é clara,” Dr. Bruce Mellado, um modelador matemático que trabalha com o Conselho de Comando do Coronavírus de Gauteng, África do Sul, disse à Newzroom Afrika. Mellado é professor da Universidade de Witwatersrand.
Impedindo o surgimento de uma outra nova variante, espera-se que a quarta vaga seja um terço a um quarto semelhante à vaga criada pela variante Delta, disse Mellado. Mas esta será ainda assim suficientemente maior para causar um grande número de mortes e hospitalizações.
Neste momento, o período entre as vagas na África do Sul demonstra uma taxa de positividade de 1,4%, de acordo com o Instituto Nacional de Doenças Contagiosas daquele país. Este número é significativamente inferior em relação à taxa de positividade de 11 a 12% anunciada a nível do continente.
Para evitar o pior da vaga das festas que se espera, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) e a empresa de telecomunicações pan-africana MTN organizaram uma campanha de serviços públicos que enfatiza a necessidade de uso da máscara e outros métodos não farmacêuticos de prevenção da propagação do vírus.
Moeti observou repetidas vezes que o continente está a lutar contra a “fadiga da pandemia,” que faz com que as pessoas abandonem as medidas de protecção.
A OMS e o Africa CDC lançaram programas para expandir a testagem pelo continente para lidar com os focos de contaminação antes de eles aumentarem e tornarem-se em vagas de infecção no seu ponto mais alto. Esse programa envolve o desembolso de testes de diagnóstico rápido, fáceis de utilizar pelos provedores de saúde a nível comunitário.
Os casos positivos podem motivar respostas em forma de círculo semelhantes ao programa de tratamento utilizado no surto de Ébola da África Ocidental de 2014 a 2016. Naquela abordagem, qualquer pessoa que viveste num raio de 100 metros de um caso positivo recebia materiais de segurança e ficava em quarentena para quebrar a transmissão.
Descobrir e isolar pessoas assintomáticas que transportavam o vírus, muitos dos quais podem ser tratados em casa, pode ser um elemento importante para conter a próxima vaga.
“Esta estratégia comunitária é uma componente fundamental na transição para uma gestão localizada de surdos de COVID-19,” disse Moeti.