EQUIPA DA ADF
Tendo a quinta vaga de infecções pela COVID-19 da África do Sul agora chegado ao fim, o Ministro de Saúde, Dr. Joe Phaahla, suspendeu as restrições de saúde pública recentemente anunciadas. Mas os especialistas alertam que tais restrições podem ser retomadas caso o número de infecções volte a subir dentro de poucos meses.
“Agradecemos aos sul-africanos pela resiliência na internalização de várias medidas de prevenção e mitigação do vírus, algumas das quais irão ajudar-nos a lidar com algumas doenças respiratórias mais antigas, como o vírus influenza e a TB, mas também com futuras epidemias respiratórias,” disse Phaahla num comunicado, que anunciava a suspensão de restrições, como o uso obrigatório de máscaras em lugares públicos.
Phaahla disse que a mudança foi possível graças a um declínio no número de casos diários, positividade de casos e no número de mortes registadas.
A quinta vaga da África do Sul foi impulsionada pelas estirpes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron. No pico da vaga, no início de Junho, as autoridades sanitárias registaram pouco mais de 3.400 casos e cerca de 240 mortes numa única semana. Isso foi um terço do número de casos e um quinto do número de mortes do pico da quarta vaga, em Dezembro último.
Estudos de amostras de sangue de toda a África do Sul, retiradas no final da quarta vaga de Março, demostraram que 98% dos sul-africanos estiveram expostos à COVID-19.
De acordo com as autoridades sanitárias, algumas pessoas na África do Sul pediram que as restrições da pandemia sejam reimpostas apenas se uma nova vaga enviar grande número de pessoas para o hospital.
Phaahla disse que esse seria um erro.
“Discordamos completamente dos críticos ferrenhos que argumentam que devíamos suspender todas as medidas de saúde pública e deixar que o vírus se propague livremente e nos preocuparmos apenas em saber se os hospitais estão cheios ou não,” disse o Ministro de Saúde no seu comunicado.
O epidemiologista, Dr. Salim Abdool Karim, director do Caprisa, o Centro do Programa de Pesquisa da SIDA na África do Sul, concordou com a avaliação de Phaahla.
Karim foi um dos primeiros conselheiros do governo aquando da eclosão da pandemia da COVID-19, no início de 2020.
Enquanto a África do Sul aproveita um “feriado” entre as vagas, eventualmente surgirá uma outra vaga, disse Karim ao SABC News. Os sul-africanos precisam de estar preparados para voltar ao uso de máscaras em lugares fechados, limitar o tamanho de aglomerados em lugares fechados e outros passos necessários para prevenir a propagação da COVID-19, disse Karim.
“Este não é o fim das restrições da COVID,” disse Karim. “Agora estamos num período em que temos a possibilidade de fazê-lo, mas poderíamos facilmente entrar num período em que não seremos capazes de permitir que isto aconteça. Devemos estar prontos para lidar com isso.”
As pessoas que desconsideram o risco da COVID-19, porque já se recuperaram do vírus, não estão a ter em conta a verdadeira ameaça, que é a reinfecção, disse Karim.
A reinfecção aumenta as possibilidades de que alguém desenvolva a condição crónica conhecida como COVID longa, que actualmente afecta cerca de 20% das pessoas que se recuperam de infecções.
A COVID longa contribui para uma série de outras doenças, desde ataque cardíaco, AVC até doenças neurológicas, incluindo a doença de Parkinson.
Estas doenças têm a maior probabilidade de afectar pessoas com 50 anos ou mais — o mesmo grupo de pessoas que continua com um risco elevado de infecções independentemente do estado da sua imunidade, de acordo com as autoridades sanitárias.
“É muito importante que procuremos prevenir cada possível infecção,” disse Karim.