EQUIPA DA ADF
À medida que o vírus da COVID-19 evolui e cria variantes, o risco de infecções repetidas aumenta e, com ele, um aumento do risco de desenvolvimento de um conjunto de sintomas crónicos conhecidos como COVID longa, de acordo com um responsável da OMS.
“Quanto mais a contrair, mais provável é que você não seja sortudo e acabe com a COVID longa, que é aquilo que nenhum de nós deseja, porque pode ser tão severo,” David Nabarro, enviado especial da Organização Mundial de Saúde para COVID-19, disse ao canal Sky News.
A COVID longa é o nome que se dá a um conjunto de problemas de saúde, incluindo o nevoeiro cerebral, a depressão e a fadiga registados por milhões de pessoas que se recuperaram de infecções. A COVID longa pode afectar o cérebro, o coração, os pulmões, os órgãos digestivos e outros sistemas do corpo.
De acordo com um estudo, pelo menos 43% das pessoas que se recuperam de uma infecção pela COVID-19 queixam-se de sintomas da COVID longa.
Embora todos os países tenham levantado a maior parte das restrições impostas no começo da pandemia para reduzir as infecções, Nabarro apelou que as pessoas continuem a usar máscaras em aglomerados populacionais e façam o teste caso se sintam doentes.
Nabarro disse que a sua preocupação é que quanto mais frequentemente alguém desenvolve uma infecção pela COVID-19, maiores são as possibilidades de desenvolver a COVID longa — “que é o que nenhum de nós deseja, porque pode derrubar as pessoas depois de terem dado passos longos durante meses,” acrescentou.
Nabarro expressou a sua preocupação numa altura em que as novas vagas das estirpes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron estão a assolar África, Europa e América do Norte.
“O potencial para infecção, reinfecção ou vencer a infecção com BA.4 e BA.5 é extremamente elevado,” Dr. Kevin Kavanagh escreveu recentemente na plataforma Infection Control Today. “Mesmo que muitos dos nossos decisores políticos tenham-se centrado nas mortes, a COVID-19 continua a vitimar um grande número de pessoas na sociedade, afectando vários sistemas de órgãos.”
Kavanagh disse que evidências sugerem que os danos no corpo de uma pessoa feitos pela COVID-19 acrescentam-se com cada infecção repetida, levando eventualmente a sintomas debilitantes de COVID longa.
A Ómicron e as suas ramificações demostraram ser muito mais capazes do que as variantes anteriores de contornarem tanto a imunidade natural quanto a imunidade adquirida para causar novas infecções em pessoas que já tinham recuperado de uma infecção anterior.
A capacidade da Ómicron para aquilo que os cientistas chamam de “escape imunológico” ajudou esta variante a superar as variantes anteriores para propagar-se pelo mundo inteiro. Na África do Sul, onde os cientistas inicialmente identificaram a Ómicron, testes de sangue demonstram que 98% da população esteve exposta à COVID-19 depois da primeira vaga da Ómicron que atingiu aquele país no fim de 2021.
“É como se estivesse sempre a mudar a sua camada exterior,” disse Nabarro, referindo-se ao vírus.