EQUIPA DA ADF
O Dr. Joshua Arthur não procura silenciar os que espalham mitos e desinformação sobre a COVID-19. Na verdade, ele convida-os a falarem abertamente para que ele possa contrariar a informação errada com factos comprovados.
Arthur, um especialista em matéria de saúde pública do Gana, interage frequentemente com o público como parte da resposta daquele país à pandemia. Ele fica em pé diante de salas cheias de diferentes plateias e realiza workshops para empresas, igrejas, organizações não-governamentais e trabalhadores dos sectores formal e informal.
“O meu estilo predilecto de interacção é uma sessão de perguntas e respostas abertas,” disse à ADF. “Na minha experiência, é sempre melhor abordar as questões relacionadas com a COVID-19 que os ouvintes consideram como sendo da actualidade, incluindo conspirações extravagantes.
“Em vez de preparar uma apresentação de topo a base para o seu ensino, [eu permito] que a plateia estruture e faça as suas perguntas com base no seu conhecimento e crenças actuais.”
Desde o início de Outubro, o Gana tinha registado 127.482 casos de COVID-19 e 1.156 óbitos. Uma terceira vaga da pandemia atingiu um recorde de dia único de aproximadamente 2.000 casos, no dia 2 de Agosto.
O presidente Nana Akufo-Addo anunciou restrições mais rigorosas numa transmissão feita num estado de tristeza em finais de Julho, quando os casos estavam a registar um aumento significativo.
“Estes aumentos nos números de infecções foram, em grande parte, motivados pela variante Delta do vírus,” disse. “Está claro, a partir dos dados, que nós baixamos a guarda.”
Os números de casos baixaram de forma constante desde o final de Agosto, mas Arthur disse que muitos ganenses continuam a desconsiderar a COVID-19.
“Muitos duvidam de que a existência da doença seja verdadeira,” disse. “Alguma parte disto está relacionada com os números limitados que foram registados para os casos da COVID-19 e as mortalidades em comparação com outros países.”
Um dos maiores problemas continua a ser a desinformação, razão pela qual especialistas como Arthur encorajaram os cidadãos a partilharem os seus pensamentos e crenças sobre a doença.
No início deste ano, o director do hospital, Dr. George Donkor, respondeu a perguntas em directo num famoso programa de rádio na capital, Acra. Uma questão continuava sempre a ser levantada, obrigando Donkor a dissipá-la como sendo um mito.
“Em termos médicos não existe fundamento para afirmar que praticar relações sexuais pode prevenir o coronavírus,” explicou.
Arthur acredita que muitos ganenses são vítimas de desinformação que se propaga rapidamente em vários meios de comunicação.
“Existe uma percepção errada que afirma que se alguma informação estiver escrita ou filmada, então esta informação deve ser verdadeira,” disse. “Contudo, quando abordados com evidências locais consistentes e com exemplos do dia-a-dia, muitos rapidamente apercebem-se o quão absurdas estas teorias de conspiração realmente são.”
Arthur era um médico de família por muitos anos antes de trabalhar na Centro de Saúde Pública do Hospital Universitário Komfo Anokye de Kumasi como director de controlo e vigilância de doenças.
Assim como qualquer um de nós, ele não podia ter previsto a pandemia global da COVID-19. Mas quando a pandemia atingiu o Gana, ele ficou feliz em poder estar numa posição em que podia ajudar a maior parte das pessoas.
“Sempre desejei ter uma forma de prática que pudesse causar um impacto a mais pessoas de uma só vez, e a prática clínica, embora fosse satisfatória, parecia não estar a alcançar isso,” disse. “A pandemia desafiou as minhas habilidades como médico, como um profissional que actua na área de saúde pública e como gestor de saúde. Ela expandiu as minhas capacidades para muito além daquilo que a prática normal poderia ter feito em tão pouco tempo.”