Ameaças de Infecções da Variante Dupla Destacam o Valor da Máscara

EQUIPA DA ADF

A morte de uma mulher de nacionalidade belga no início deste ano levantou preocupações entre os especialistas médicos de que pessoas não vacinadas podem contrair variantes diferentes de COVID-19 ao mesmo tempo, complicando o tratamento.

A mulher, que morreu de COVID-19 em Março, tinha contraído as variantes alfa e beta ao mesmo tempo. Ambas as variantes estão a circular amplamente em África.

A possibilidade de infecções de variante dupla acrescenta mais urgência aos esforços internacionais para controlar a propagação da COVID-19 em África, numa altura em que apenas pouco mais de 1% dos 1,3 bilhões de habitantes do continente estão totalmente vacinados contra a doença.

“Certamente que, se isso acontece num país onde várias variantes estão a circular, existe também a possibilidade de ocorrência desse tipo de infecções em outros países onde diferentes variantes estão a circular ao mesmo tempo,” virologista nigeriano, Oyewale Tomori, disse à ADF.

Até finais de Julho, 38 países africanos tinham registado a variante alfa, 32 a variante beta e 21 a variante delta. Uma outra variante, a lambda, foi confirmada num país africano, o Egipto, e em pelo menos 30 países a nível mundial. Muitos países possuem duas a três variantes em circulação. Gana, Quénia, Ruanda, África do Sul e Uganda registaram três variantes, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.

A variante Delta propagou-se rapidamente pela África, causando uma terceira vaga de infecções em 29 países. O número de casos e de mortes do continente acelerou, e os hospitais estão superlotados até ao extremo.

Em alguns países africanos, a taxa de mortalidade alcançou 5%, duas vezes acima da taxa total do continente.

O aumento do número de infecções em África deve-se em parte à natureza altamente infecciosa da variante delta, que é mais virulenta do que a estirpe original da COVID-19. As infecções também estão a ser impulsionadas pela famosa fadiga da pandemia, que faz com que as pessoas abandonem as intervenções não farmacêuticas (INFs), tais como o uso de máscaras, a lavagem das mãos e o distanciamento social, para acabar com a propagação do vírus.

“É o perigo duplo de falta de vacina e desprezo das INFs,” disse Tomori. “Sendo assim, existe um elevado risco de transmissão de variantes únicas e duplas.”

As variantes surgem quando o coronavírus se propaga de pessoa para pessoa. Cada transmissão constitui uma oportunidade para o surgimento de uma variante nova e mais contagiosa.

O Fundo Africano de Aquisição de Vacinas e o UNICEF já começaram a distribuir a primeira ronda das vacinas feitas em África, de dose única, da Johnson & Johnson, produzidas pela Aspen Pharmacare, na África do Sul.

O empresário zimbabwiano, Strive Masiyiwa, o coordenador do fundo, afirmou que se pretende disponibilizar 10 milhões de doses por mês até ao final do ano, depois aumentar o número no início de 2022. Em última instância, a Aspen Pharmacare irá produzir mais 400 milhões de doses para África.

Mesmo enquanto aumenta o fornecimento da vacina, máscaras e outras intervenções irão continuar a ser cruciais para manter as pessoas seguras e para prevenir futuras variantes, disse Tomori.

“As máscaras e outras intervenções não farmacêuticas certamente contribuirão significativamente para a redução da transmissão das variantes do vírus de uma pessoa para outra,” disse Tomori.

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