Organização Luta Contra a ‘Infodemia’ com Recurso a Factos
EQUIPA DA ADF
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a criar uma rede para a luta contra aquilo que chama de ‘infodemia’ da informação falsa sobre a COVID-19 e outras emergências de saúde em África.
A OMS disse que a Aliança Africana de Resposta à Infodemia (AIRA) irá unir 13 organizações internacionais regionais assim como grupos de verificação de factos que possuem experiência nas áreas de ciências de dados e comportamental, epidemiologia, pesquisa, saúde digital e comunicações.
Quando a COVID-19 assolou o continente no início de 2020, uma onda de desinformação seguiu-se imediatamente. As pessoas afirmavam que o vírus tinha sido inventado como uma arma biológica. Ervas e poções foram apregoadas como curas milagrosas. E, pelo mundo inteiro, as pessoas afirmavam que os comportamentos eficazes para conter o vírus — o uso da máscara, a lavagem das mãos, o distanciamento social — eram ferramentas para o controlo do governo.
Grupos de saúde e de ajuda, que trabalham no terreno, estão a denunciar suspeitas de tratamento e a proliferação de teorias de conspiração. “Quando as comunidades recebem a informação errada sobre uma doença, isso pode gerar medo — neste caso dos outros — e o medo pode levar ao estigma, isolamento, resultados de saúde mais fracos a nível individual e da sociedade, e, nalguns casos, à violência,” disse Eric Hazard, director da campanha pan-africana e advocacia da Save the Children.
A nova Aliança Africana da OMS terá um alcance único, juntamente com o conhecimento e as habilidades para ajudar a combater a desinformação perigosa, disse a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África.
“Nas emergências de saúde, a desinformação pode matar e assegurar que as doenças continuem a propagar-se,” alertou ela. “As pessoas precisam de factos comprovados, baseados em ciências para poderem tomar decisões informadas sobre a sua saúde e bem-estar, e o excesso de informação — uma infodemia — com desinformação à mistura, faz com que seja difícil saber o que é correcto e real.”
A OMS examinou dados recolhidos pelas Nações Unidas em 47 países da Região Africana da OMS. Entre Fevereiro e Novembro de 2020, a informação sobre o vírus foi partilhada e vista mais de 270 bilhões de vezes online e mencionada 40 milhões de vezes no Twitter e sítios de notícias da internet. As autoridades concluíram que a maior parte da informação era inexacta e enganosa, mas as pessoas continuavam a difundi-la nas redes sociais. A informação incluía conspirações relacionadas com tratamentos não comprovados, curas falsas e mensagens anti-vacina.
A OMS afirmou que as organizações de verificação de factos comunicaram que desmistificaram mais de 1.000 relatórios enganosos desde o início da pandemia.
Mais de 1.300 especialistas de campo desenvolveram recomendações fundamentais sobre a gestão de infodemias no princípio de 2020 sob a orientação da Rede Global de Informação sobre a Epidemia da OMS. Os especialistas desenvolveram 50 acções fundamentais que os indivíduos, líderes comunitários, governos e o sector privado podem utilizar para fazer a gestão da infodemia da COVID-19.
A aliança irá apoiar jornalistas e órgãos de comunicação social a partilharem informação baseada em provas científicas e desacreditar a desinformação sobre a saúde. A AIRA também irá ajudar os países a desenvolverem estratégias personalizadas de gestão de infodemias, incluindo formas de analisar as tendências e os comportamentos.
Os membros da AIRA incluem o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, a Federação Internacional da Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescente Vermelho e várias agências das Nações Unidas, como o UNICEF, por exemplo.
“Estamos a ver um aumento no número de grupos de crime organizado que utilizam as teorias de conspiração enganosas e o medo do público que delas resulta para motivar burlas destinadas a roubar dados bancários e outros dados relacionados com a identidade,” Justin Arenstein, PCA da PesaCheck, uma iniciativa da verificação de informação, disse à OMS. “Também estamos a ver as afirmações serem utilizadas por defensores da xenofobia e outros protagonistas de incitamento ao ódio. Esta aliança irá ajudar a desmistificar falsas declarações muito mais rapidamente e levar a mensagem para muito mais distante.”
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