Câmaras de Segurança Visam Evitar Ataques do Al-Shabaab

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EQUIPA DA ADF

Na capital da Somália, Mogadíscio, onde os militantes do al-Shabaab continuam a planear ataques, as pessoas estão a ripostar com câmaras de segurança.

Nos últimos meses, os centros comerciais movimentados foram alvo de uma vaga de atentados bombistas perpetrados pelo grupo terrorista afiliado à al-Qaeda, visando as empresas que instalaram câmaras de circuito fechado.

Mohamed Ahmed Diriye, vice-presidente do município de Mogadíscio para a segurança e assuntos políticos, dirigiu-se aos meios de comunicação social no mercado de Bakaara, o maior do país.

“Estão a lutar contra as câmaras porque não querem ser vistos,” disse Diriye após uma série de atentados no início deste ano. “Nunca vai parar. Iremos trabalhar nesse sentido. Queremos que as pessoas estejam em alerta.”

Milhares de câmaras de vigilância foram instaladas em toda a cidade desde que a Agência Nacional de Informações e Segurança da Somália (NISA) emitiu uma directiva em 2023 para que as empresas dos grandes centros comerciais as utilizassem. Anteriormente, o al-Shabaab tinha como alvo os postes de iluminação pública e as câmaras de vigilância que se encontravam nas principais estradas e cruzamentos.

A NISA registou incidentes em que militantes do al-Shabaab intimidaram empresas como parte do programa de extorsão sistemática do grupo. O al-Shabaab gera cerca de 100 milhões de dólares por ano através de impostos ilegais, doações forçadas e extorsão. O governo somali fez um esforço concertado em 2023 para combater as finanças do al-Shabaab e afirmou ter conseguido reduzir para metade os fluxos de receitas do grupo, encerrando contas bancárias e de dinheiro móvel suspeitas e visando os esquemas de tributação dos militantes.

Os principais objectivos do mandato das câmaras de segurança da NISA eram monitorizar as actividades dos militantes do al-Shabaab em áreas-chave, recolher provas vitais e dar às pessoas uma sensação de segurança. Mas o al-Shabaab respondeu rapidamente com um porta-voz que ameaçou atacar todos os que cumprissem a ordem, o que levou ao encerramento de vários estabelecimentos comerciais.

“Há assassinos chamados Khawarij (tradução árabe: “separatistas” ou “aqueles que saem da comunidade”) que são contra a estabilidade deste país,” disse Diriye. “Quando enfraquecidos, tentam todos os actos possíveis para perturbar.”

Desde o início de Outubro, pelo menos seis pessoas foram mortas e quatro ficaram feridas em ataques a estabelecimentos comerciais nos distritos de Dayniile e Hodan. Alguns foram vítimas de atentados bombistas, enquanto outros eram empresários assassinados em chocantes ataques diurnos. Em Agosto, combatentes do al-Shabaab incendiaram dois grandes mercados nos arredores de Mogadíscio, causando prejuízos de milhões de dólares. Os líderes da comunidade empresarial afirmaram que os ataques foram uma resposta à instalação de câmaras de segurança.

Diriye afirmou que as câmaras são instrumentos indispensáveis e eficazes na luta contra o al-Shabaab.

“Estas câmaras servem um objectivo crucial na salvaguarda dos nossos bairros,” afirmou. “Desempenham um papel vital na prevenção de crimes e facilitam a identificação e a detenção de infractores.”

Vários comerciantes disseram à agência noticiosa Reuters que os agentes do al-Shabaab lhes ordenaram que retirassem as câmaras, mas os funcionários do governo avisaram que poderiam enfrentar consequências se o fizessem.

“Avisamo-los para não receberem ordens de terroristas,” Diriye disse à Reuters após os ataques de Outubro. “Quem retirar as câmaras terá de enfrentar a lei.”

Farah Aden, um comerciante de Dayniile, disse que os empresários se sentem encurralados e vulneráveis a ataques. “Há um novo medo devido às câmaras de vigilância,” afirmou. “Estamos num dilema. Estamos presos entre duas directivas opostas.”

Outros residentes de Mogadíscio saudaram as câmaras de vigilância. O estudante universitário Ahmed Ibrahim, do segundo ano, disse que são tranquilizadores para as pessoas que tentam levar uma vida normal.

“No passado, era difícil frequentar a escola ou a universidade,” afirmou. “Costumava haver explosões à saída do campus da escola ou da universidade e no regresso a casa.”

Diriye prometeu reforçar a presença das forças de segurança nos centros comerciais de Mogadíscio.

“Depois de muito esforço, conseguimos persuadir as pessoas a instalarem câmaras,” disse à agência noticiosa. “Muitas forças de segurança à paisana foram enviadas para o mercado de Bakaara e permaneceram lá dia e noite para garantir a segurança da instalação das câmaras até que os residentes locais se habituassem a elas.”

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