EQUIPA DA ADF
Com o lançamento do seu satélite Gaindesat-1A em Agosto, o Senegal juntou-se à lista crescente de países africanos que estão a estabelecer uma presença no espaço.
Os engenheiros e técnicos senegaleses conceberam o Gaindesat-1A em colaboração com o Centro Espacial Universitário de Montpellier, em França. O projecto demorou cinco anos. O lançamento foi a primeira realização da SenSAT, o programa espacial nacional do Senegal, em fase de arranque.
O satélite é um tipo conhecido como nanossatélite. Mede cerca de 10 centímetros de largura e foi construído com componentes disponíveis no mercado. O governo do Senegal espera utilizá-lo para monitorizar as condições meteorológicas e ambientais em benefício dos agricultores locais.
“Após cinco anos de trabalho árduo dos nossos engenheiros e técnicos, esta conquista marca um passo significativo em direcção à nossa soberania tecnológica,” o Presidente senegalês Bassirou Diomaye Faye publicou no X.
Desde que a África do Sul lançou o primeiro satélite do continente em 1999, 16 outros países juntaram-se à corrida espacial africana. Até agora, colocaram em órbita um total de 61 satélites para realizar uma série de tarefas, desde o mapeamento da costa do Gana até ao fornecimento de ligações à internet a escolas rurais no Ruanda.
Como o tamanho dos satélites e o custo do seu lançamento continuam a diminuir, é provável que o número de países africanos que encontram o seu lugar em órbita aumente, de acordo com Kwaku Sumah, fundador e director-geral da Spacehubs Africa. Outros concordam.
“O espaço é fundamental para a segurança nacional dos países africanos de uma forma que vai muito além das operações de defesa tradicionais,” Temidayo Onionsun, director-executivo da Space in Africa, disse num recente webinar do Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS) sobre o crescente programa espacial africano. Em regiões com vastas massas de terra, fronteiras porosas e áreas de difícil acesso, os satélites podem fornecer vigilância em tempo real e recolha de dados cruciais para as operações de segurança, disse Onionsun.
Embora o lançamento do Senegal ilustre as ambições dos países africanos no que diz respeito ao espaço, também revela os obstáculos que enfrentam pelo caminho. Tal como outros países africanos, o Senegal precisou de uma outra entidade e nação — neste caso a SpaceX, que opera a partir dos Estados Unidos — para colocar o seu satélite em órbita. Outros países têm confiado nas agências espaciais europeias, russas e chinesas para as suas capacidades de lançamento.
“Temos mais empresas capazes de construir satélites, mas estão a ter dificuldades em colocá-los no espaço,” Zolana João, director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional de Angola, disse à audiência do recente webinar do ACSS.
Embora os países africanos tenham concebido os seus próprios satélites, a maioria tem dependido do apoio de países estrangeiros durante a fase de construção. Foi o caso do satélite Taifa-1 do Quénia, que foi construído na Bulgária. Os países africanos também dependem de tecnologia estrangeira para o tipo de imagens de alta resolução necessárias para detectar pequenas travessias ilegais de fronteiras ou pesca ilegal. Estas imagens podem custar até 25 dólares por quilómetro quadrado observado, o que torna a sua utilização rotineira dispendiosa.
Quando os países africanos colocam os seus satélites em órbita, têm de confiar em entidades estrangeiras para os localizar e monitorizar as suas condições. De acordo com João, no que diz respeito ao conhecimento do domínio espacial, os países africanos continuam na ignorância. “Não temos qualquer capacidade de saber o que se passa com os nossos activos lá em cima,” disse.
Embora os programas espaciais africanos dependam actualmente da cooperação internacional, o objectivo a longo prazo é desenvolver todo o espectro de capacidades relacionadas com o espaço, desde a concepção ao lançamento e à interpretação dos dados resultantes, de acordo com o Brigadeiro-General Hillary Kipkosgey, director-geral da Agência Espacial do Quénia.
“Não procuramos soluções e produtos comerciais prontos a usar,” Kipkosgey disse à audiência do ACSS. “Gostaríamos de desenvolver as nossas próprias capacidades.”
ADF is a professional military magazine published quarterly by U.S. Africa Command to provide an international forum for African security professionals. ADF covers topics such as counter terrorism strategies, security and defense operations, transnational crime, and all other issues affecting peace, stability, and good governance on the African continent.