Inteligência Artificial Constitui Ferramenta Importante na Luta Contra o Crime Marítimo

EQUIPA DA ADF

Os crimes marítimos são uma ameaça constante para os países costeiros. Os ataques de piratas estão a aumentar ao largo da costa da Somália. O Golfo da Guiné continua a ser o epicentro mundial da pesca ilegal. Outros crimes, incluindo o roubo de petróleo, o contrabando de droga e o tráfico de seres humanos e de armas, são frequentes nas águas continentais.
Cobus Valentine, director comercial da Global Command and Control Technologies, encorajou recentemente as autoridades preocupadas com a conscientização do domínio marítimo a utilizarem a inteligência artificial (IA) para ajudar a monitorizar as suas águas. Valentine falava na Conferência sobre Economia Oceânica na Cidade do Cabo, África do Sul, no final de Maio.

“A inteligência artificial está a transformar a forma como abordamos estes domínios, oferecendo novas perspectivas e soluções,” afirmou Valentine num artigo da defenceWeb.

Uma sensibilização eficaz exige que as autoridades acompanhem todas as actividades marítimas susceptíveis de afectar a protecção, a segurança, o bem-estar económico e o ambiente. Em todo o continente, as autoridades obtêm dados marítimos a partir de imagens de satélite, sistemas de radar, sistemas de identificação automática e sensores subaquáticos.

A IA pode analisar rapidamente grandes quantidades de dados de diversas fontes, identificar padrões e anomalias e prever potenciais ameaças. Isso pode ajudar as autoridades a tomar decisões informadas sobre as respostas a incidentes no mar.

Pode também melhorar a vigilância e o controlo através do apoio a embarcações autónomas e drones. Os

podem, por exemplo, reconhecer o número de identificação de um navio de pesca, contar as pessoas a bordo, determinar se está a pescar numa zona proibida e verificar a sua licença.

No ano passado, a Marinha da Nigéria anunciou planos para utilizar a IA para reforçar a sua capacidade operacional e acompanhar a evolução dos avanços tecnológicos no sector marítimo. O país perde 70 milhões de dólares por ano com a pesca ilegal praticada por uma série de frotas estrangeiras, sobretudo chinesas, enquanto a pirataria e o contrabando de droga também assolam as suas águas.

As marinhas utilizam mais frequentemente a IA nos seus Sistemas de Gestão de Combate, Matthew Caris, director sénior da Avascent, uma empresa de consultoria de estratégia global, disse à Armada International. Em modo automático, esses sistemas podem detectar, identificar, classificar e estabelecer prioridades para os alvos antes de utilizar as armas, embora pessoas estejam envolvidas nas decisões sobre quando e como utilizar as armas. A IA também pode prever a forma mais eficiente de operar uma embarcação em termos de combustível. Pode ser incluída no sistema de navegação de um navio, nas operações de radar ou nos sistemas de detecção de ameaças para permitir que os operadores processem mais rapidamente as informações.

No final de Junho, a Marinha da Nigéria organizou um seminário sobre o aproveitamento da IA para melhorar a segurança, a vigilância e a resposta marítimas.

“É, de facto, o futuro das operações militares e, por isso, temos de garantir que as forças armadas da Nigéria acompanhem esta evolução tecnológica,” o Vice-Almirante Emmanuel Ogalla disse numa reportagem da Autoridade Televisiva Nigeriana.

Durante a Conferência sobre Economia Oceânica, na Cidade do Cabo, Valentine alertou para os desafios relacionados com a IA, como a qualidade e a parcialidade dos dados, a dificuldade em interpretar algumas informações e a possibilidade de as ameaças cibernéticas visarem os sistemas de IA. Sublinhou a necessidade de continuar a haver conhecimentos especializados e supervisão humana para complementar os sistemas de IA.

“Ao aproveitar o poder da IA, o sector marítimo pode avançar para um futuro mais seguro, mais sustentável e mais eficiente,” afirmou Valentine no artigo da defenceWeb. “No entanto, é de extrema importância enfrentar os desafios associados à implementação da IA para garantir que esta se alinhe com as normas internacionais e com os princípios dos direitos humanos.”

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