A longa e condecorada carreira da Brigadeiro-General (na reserva) Geraldine Janet George começou em 2006 e culminou no final de Abril, quando o Senado da Libéria a confirmou como a primeira mulher Ministra da Defesa do país.George, que também é a primeira mulher liberiana a obter a patente de Brigadeiro-General, disse que se inspirou para servir o seu país depois de o ter visto destruído pela guerra civil de 14 anos que terminou em 2003.
“Quando a crise civil chegou e vi como os civis eram tratados e como as pessoas com este uniforme tratavam os civis, senti que podia fazer a diferença usando este uniforme,” George disse numa entrevista em 2022. “Onde as pessoas seriam respeitadas e respeitariam o uniforme.”
George fez parte do primeiro grupo de soldados das Forças Armadas da Libéria (AFL) reestruturadas e foi subindo gradualmente na hierarquia. Antiga Chefe de Estado-Maior adjunto das AFL, George ocupou cargos incluindo o de comandante de brigada de infantaria e funções de liderança relacionadas com o pessoal e as operações.
Serviu na missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Mali e foi galardoada com a prestigiada Medalha da ONU em 2017. George é licenciada pelo College of West Africa e obteve um mestrado em relações internacionais na Universidade de Webster, nos Estados Unidos. Recebeu também formação especial em matéria de informações, combate ao terrorismo, gestão do sector público e administração da justiça.
George era a Ministra da Defesa interina do país desde Fevereiro.
Durante a audição para a sua nomeação, George disse ao Senador Abraham Darius Dillon que já tinha uma agenda definida e um projecto para melhorar as forças armadas, de modo que estas pudessem colaborar melhor com outras instituições de segurança do país.
O Senador Botoe Kanneh agradeceu a George pelos seus serviços.
“Não é apenas uma mulher, mas é uma profissional qualificada para este trabalho,” disse Kanneh.
Numa entrevista de 2021 à Comissão da ONU sobre o Estatuto das Mulheres, George disse que as AFL eram compostas por cerca de 28% de mulheres, mas que ela e outras estavam a trabalhar para aumentar esse número através do recrutamento, da sensibilização e de políticas para melhor acomodar as mulheres soldados.
Mas, segundo ela, as mulheres têm de mostrar o seu valor às forças armadas para serem totalmente aceites.
“Conseguir a adesão das mulheres não tem apenas a ver com o número,” afirmou George. “Trata-se de ser competente. Temos de mostrar que trabalhámos arduamente e que merecemos essa posição.”
Acrescentou ainda que espera que outras sigam o seu exemplo e aspirem a cargos de liderança.
“Eu dei o exemplo a muitas mulheres,” afirmou George. “Quebrei a regra tradicional que diz que é um mundo de homens e que só os homens podem estar nas forças armadas. As mulheres também podem fazer parte da força e podem até fazer melhor, seja em posições de chefia ou outras.”