‘Um Compromisso de Parceria Igualmente Firme’

O Presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, discursou no Debate Geral da 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 19 de Setembro de 2023. As suas observações foram editadas por questões de espaço e clareza.

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, as nações reuniram-se numa tentativa de reconstruir as suas sociedades devastadas pela guerra. Nasceu um novo sistema global, e este grande organismo, as Nações Unidas, foi criado como símbolo e protector das aspirações e dos melhores ideais da humanidade.

As nações viram que era do seu próprio interesse ajudar os outros a sair dos escombros e dos destroços da guerra. Uma ajuda fiável e significativa permitiu que os países empobrecidos pela guerra se transformassem em sociedades fortes e produtivas.

Este período constituiu um ponto alto para a confiança nas instituições mundiais e para a convicção de que a humanidade tinha aprendido as lições necessárias para avançar na solidariedade e harmonia mundiais.

Actualmente e por várias décadas, a África tem vindo a pedir o mesmo nível de empenhamento político e de dedicação de recursos que caracterizou o Plano Marshall.

Não estamos a pedir programas e acções idênticos. O que procuramos é um compromisso igualmente firme de parceria. Procuramos reforçar a cooperação internacional com as nações africanas para alcançar a agenda 2030 e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

Há cinco pontos importantes que gostaria de destacar:

  1. Para que o tema deste ano tenha algum impacto, as instituições mundiais, as outras nações e os actores do sector privado devem considerar o desenvolvimento africano como uma prioridade, não só para África mas também no seu próprio interesse.
  2. Temos de afirmar a governação democrática como o melhor garante da vontade soberana e do bem-estar dos povos. Os golpes militares são errados, tal como o é qualquer acordo político civil que perpetue a injustiça.
  3. Toda a nossa região está envolvida numa batalha prolongada contra extremistas violentos. No meio do tumulto, formou-se um canal escuro de comércio desumano. Ao longo do percurso, tudo está à venda. Homens, mulheres e crianças são vistos como mercadorias.
  4. No entanto, milhares de pessoas arriscam as areias quentes do Sahara e as profundezas frias do Mediterrâneo em busca de uma vida melhor. Ao mesmo tempo, mercenários e extremistas, com as suas armas letais e ideologias vis, invadem a nossa região a partir do norte.
  5. Este tráfego nocivo põe em causa a paz e a estabilidade de toda uma região. 

O quarto aspecto importante da confiança e da solidariedade globais consiste em proteger as zonas ricas em minerais do continente contra o roubo e o conflito. Muitas dessas zonas tornaram-se catacumbas de miséria e exploração. 

O caos que se abateu sobre zonas ricas em recursos não respeita as fronteiras nacionais. Sudão, Mali, Burquina Faso, República Centro-Africana — a lista não pára de crescer.

As mudanças climáticas afectam gravemente a Nigéria e África. 

As nações africanas vão lutar contra as mudanças climáticas, mas têm de fazê-lo nos nossos próprios termos. Para obter o consenso popular necessário, esta campanha deve estar em conformidade com os esforços económicos globais.

Em aspectos fundamentais, a natureza tem sido generosa com África, dando-lhe terras abundantes, recursos e pessoas criativas e trabalhadoras. No entanto, o homem tem sido demasiadas vezes indelicado para com o seu semelhante, e esta triste tendência tem trazido dificuldades contínuas às portas de África.

Para manter a fé nos princípios deste organismo mundial e no tema da assembleia deste ano, a pobreza das nações tem de acabar. A pilhagem dos recursos de uma nação por parte de empresas e povos de nações mais fortes tem de acabar. A vontade do povo deve ser respeitada. Este planeta belo, generoso e clemente deve ser protegido.

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