Pontos de Vista

Muitos países africanos estão a lutar contra o flagelo do tráfico ilícito. O comércio ilegal de drogas, armas, minerais e vida selvagem alimenta a instabilidade. Além disso, priva os Estados de receitas fiscais e destrói recursos naturais insubstituíveis. 

As redes estão espalhadas por todo o mundo. Os traficantes de droga sul-americanos utilizam a África Ocidental como rota para transportar os estupefacientes para a Europa e a Ásia. As organizações mafiosas chinesas transportam a madeira, a vida selvagem e os minerais de África para os mercados asiáticos. O Grupo Wagner, da Rússia, tem negociado acordos com os governos dos países anfitriões para permitir a exploração de recursos naturais em troca de promessas de segurança.

Um relatório da organização de investigação sobre o crime transnacional ENACT concluiu que 61% das pessoas em África vivem num país com elevados níveis de crime organizado.

O problema está a aumentar. No seu relatório de 2021, o projecto ENACT estudou 10 crimes, incluindo o tráfico de seres humanos, de armas e de droga, bem como o roubo de minerais, da fauna e da flora selvagens. Concluiu que todos os crimes, excepto um — o tráfico de heroína — estavam a aumentar.

O tráfico concentra-se em países com segurança limitada nas fronteiras e corrupção endémica. A África Central, onde a guerra deixou vastas áreas efectivamente sem lei, é a região com o maior crescimento do tráfico ilícito.

“O conflito proporciona um terreno fértil onde a criminalidade prospera,” escreveram os investigadores do ENACT.

O custo é enorme. Os fluxos financeiros ilícitos custam aos países africanos 50 bilhões de dólares por ano, de acordo com um relatório da União Africana. Os autores do relatório admitiram que o total estimado é provavelmente baixo.

Mas o prejuízo vai muito para além da perda de receitas. As redes criminosas provocaram um aumento das taxas de toxicodependência e de exploração dos jovens. Nalguns casos, traficantes poderosos cooptaram funcionários públicos, num processo conhecido como “captura do Estado.” 

Nenhum país pode enfrentar estas ameaças sozinho. Os países devem partilhar informações e cooperar na aplicação da lei. As organizações internacionais de policiamento, Interpol e Afripol, coordenam esforços para ajudar a lançar uma rede alargada e apanhar os traficantes. Os programas destinados a melhorar a segurança dos portos marítimos, aeroportos e fronteiras dificultam o transporte de mercadorias pelos criminosos sem serem detectadas. As medidas de combate à corrupção garantem que os funcionários públicos e os profissionais da segurança sirvam as pessoas e não os traficantes. 

Através de uma cooperação eficaz, os profissionais da segurança podem ajudar a garantir a circulação segura e legal de pessoas e bens, proteger os recursos naturais e reduzir a criminalidade transfronteiriça.

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