AGÊNCIA FRANCE-PRESSE
Depois de décadas à margem, os países africanos estão a aventurar-se na indústria espacial, na esperança de colherem frutos na agricultura, na prevenção de catástrofes e na segurança.
A Costa do Marfim, que acolheu a “Conferência NewSpace África,” em Abril de 2023, organizada pela União Africana, anunciou a criação de uma agência espacial e planeia construir o primeiro nanossatélite do país até 2024. Os nanossatélites têm uma massa de 1 a 10 quilogramas. Na mesma altura, o primeiro satélite funcional do Quénia foi colocado em órbita por um foguetão SpaceX lançado a partir dos Estados Unidos.
Os dois países seguem os pioneiros africanos, África do Sul, Nigéria, Argélia e Egipto — um país pioneiro que possuía o primeiro satélite africano enviado para o espaço em 1998. De acordo com o coordenador do programa espacial da UA, Tidiane Ouattara, cerca de 15 países africanos têm uma agência espacial.
Em 2018, a UA adoptou o estatuto da Agência Espacial Africana, cuja sede será no Cairo, juntamente com a Agência Espacial Egípcia, para promover a coordenação entre os membros da UA.
De acordo com uma organização não-governamental sediada em Viena, o Conselho Consultivo para a Geração Espacial, os países africanos lançaram 41 satélites desde 2016, liderados por Argélia, Egipto, Nigéria e África do Sul. Apenas nove foram concebidos e fabricados em países africanos. Os Estados estrangeiros forneceram o resto, incluindo a sua capacidade de lançamento.
Os especialistas afirmam que o custo — o grande obstáculo à entrada no espaço — está a diminuir graças a componentes mais baratos e à miniaturização, que reduz o peso dos satélites.
“O espaço já não é caro, de todo,” disse Ouattara. As universidades africanas podem construir um nanossatélite por entre 50.000 e 100.000 dólares, disse.
Uma das principais prioridades dos países africanos é a observação da Terra — satélites que monitorizam a cobertura de nuvens, a precipitação, as inundações, a seca e assuntos afins, disse Mamadou Sarr, director da Organização Regional Africana de Comunicações por Satélite. Isso pode ser útil para a agricultura.
Os satélites também podem desempenhar um papel na segurança, monitorizando a pesca costeira e os movimentos de extremistas violentos que desestabilizam o Sahel e o norte de Moçambique.
Um outro grande mercado é o sector das comunicações. A África foi uma das primeiras a converter-se à tecnologia de satélite, que, juntamente com as redes de telemóveis, a ajudou a ultrapassar as redes de fios de cobre.
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