O Brigadeiro-General Papa Souleymane Sarr é chefe do Estado-Maior da Força Aérea Senegalesa desde Novembro de 2020. Entrou para a Força Aérea em 1985, frequentando o Le Cours Spécial de l’École de l’Air, na França, onde obteve a sua formação de piloto e uma licenciatura em engenharia. Foi galardoado com a Medalha das Nações Unidas e a Medalha de Honra da Aeronáutica Francesa pelos seus serviços na ONU. Comandou todos os níveis da Força Aérea, inclusive foi chefe da Ala Operacional, Inteligência da Força Aérea, Instrução da Força Aérea e comandante da Academia da Força Aérea. Foi co-anfitrião do Simpósio dos Chefes das Forças Aéreas Africanas de 2023 em Dakar, Senegal, de 28 de Fevereiro a 3 de Março. Discursou na cerimónia de abertura e os seus comentários foram traduzidas do Francês e editados por questões de espaço e clareza.
Nos últimos 15 anos, várias regiões do continente africano foram palco de movimentos terroristas, incluindo o Jama’at Nasr al-Islam wal Muslimin, o Estado Islâmico no Grande Sahara, o Boko Haram na região do Lago Chade, o al-Shabaab no Corno de África e o grupo Estado Islâmico no Magrebe.
Estes grupos causaram vários milhares de mortes e vários milhões de pessoas deslocadas, provocando assim uma devastação humanitária sem precedentes. Há que reconhecer que estes pequenos grupos estão a tentar controlar vastos territórios situados entre vários países.
Além disso, a existência de vastas áreas difíceis de controlar, combinada com fronteiras porosas e o aumento de todos os tipos de tráfico, exige que adoptemos uma abordagem sinérgica e colectiva.
Perante esta situação particularmente preocupante, é urgente que nós, oficiais de defesa, aproveitemos a oportunidade oferecida por este simpósio para partilhar as nossas experiências e trocar vários caminhos para soluções, de modo a conter estas ameaças que afectam a segurança das nossas nações e representam um obstáculo ao desenvolvimento.
No final deste simpósio, teremos de delinear alguns caminhos de solução partilhados que as nossas forças aéreas podem considerar para reforçar os seus papéis na inclusão de ameaças transnacionais com modos de acção cada vez mais sofisticados.
Assim, as nossas forças aéreas têm o dever de reforçar as suas capacidades operacionais a todos os níveis, com o objectivo de enfrentar melhor e mais eficazmente os desafios em matéria de segurança, através de uma atitude de vigilância permanente e de uma cooperação reforçada entre nós.
A ameaça ultrapassa as nossas fronteiras, as nossas crenças e as nossas ideologias. É por isso que as forças armadas dos países africanos e, sobretudo, as suas forças aéreas são cada vez mais chamadas à acção.
Antes de atingir estes objectivos, pode ser necessário implementar vários projectos de aquisição de transportes multimodais tácticos para serem utilizados num grande número de missões ar-terra, permitindo-nos ter uma cobertura aérea adequada dos nossos territórios.
A capacitação e a modernização das nossas forças aéreas africanas, embora cruciais, são apenas um passo para eliminar estas ameaças transnacionais. É, acima de tudo, essencial trabalhar para o desenvolvimento de uma abordagem mais colaborativa para enfrentar os desafios de segurança comuns, partilhando os nossos recursos.
Encontros como este constituem uma excelente oportunidade para, por um lado, partilharmos as nossas dificuldades e perspectivas e, por outro, reforçarmos a nossa cooperação com vista à supressão dos nossos inimigos comuns, que não conhecem fronteiras físicas.
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