Pirataria no Golfo da Guiné Aumenta em 2023

EQUIPA DA ADF

As autoridades registaram três ataques piratas no Golfo da Guiné durante quatro dias entre o final de Junho e o início de Julho.

Membros da tripulação de um cargueiro relataram que três piratas abordaram o seu navio no final de Junho, quando este estava ancorado em Takoradi, no Gana. A tripulação fez soar um alarme que assustou os piratas, mas não antes de estes terem roubado bens do navio, segundo um relatório do The Maritime Executive.

No início de Julho, piratas atacaram um navio de carga no rio Wouri, perto de Douala, nos Camarões. O rio tem um estuário no Oceano Atlântico. Os piratas raptaram seis membros da tripulação durante o ataque.

No mesmo dia, piratas armados em lanchas rápidas atacaram duas embarcações de pesca no rio Wouri, de acordo com um relatório do EOS Risk Group, que efectua trabalhos de gestão de crises e de riscos de segurança empresarial a nível mundial.

Um par de ataques de piratas a navios no Golfo da Guiné, no final de Março e início de Abril, levou a Marinha Nigeriana a anunciar que continuará a manter uma presença de segurança marítima na região.

O primeiro incidente ocorreu ao largo da costa da República do Congo, onde criminosos raptaram seis membros da tripulação e destruíram equipamento de navegação e de comunicação.

O segundo incidente envolveu um ataque a um petroleiro ao largo da costa da Costa do Marfim  menos de duas semanas depois. Os sequestradores roubaram a carga e os pertences dos tripulantes antes de fugirem, de acordo com uma reportagem da Crisis 24.

Após anos de declínio dos ataques piratas — foram 81 em 2020, 34 em 2021 e apenas três no ano passado — a ameaça está a ressurgir na região.

As autoridades registaram cinco incidentes no primeiro trimestre deste ano e nove no segundo trimestre, de acordo com o Gabinete Marítimo Internacional, da Câmara de Comércio Internacional. Os incidentes envolveram o rapto de 45 membros da tripulação, tendo os atacantes destruído também equipamento de comunicação e de navegação e roubado carga.

“Apelamos mais uma vez às autoridades regionais do Golfo da Guiné e à comunidade internacional para que voltem a centrar a sua atenção na região, a fim de estabelecerem soluções sustentáveis e a longo prazo que resolvam eficazmente estes crimes e protejam as comunidades marítimas e piscatórias,” afirmou o director do gabinete, Michael Howlett.

A causa do recente recrudescimento da pirataria não é clara. Em Novembro de 2022, os relatórios indicavam que as redes criminosas poderiam ter mudado da pirataria para o roubo de petróleo. Os criminosos marítimos são conhecidos por ajustarem as suas tácticas para “responder às mudanças nas condições económicas,” de acordo com o Organized Crime and Corruption Reporting Project. No entanto, em Julho de 2023, os relatórios indicavam que tinha havido uma mudança no sentido da pirataria e do roubo de petróleo.

De acordo com as Nações Unidas, a pobreza generalizada e os serviços públicos deficientes, combinados com a pesca ilegal desenfreada praticada por arrastões estrangeiros, são factores que impulsionam os ataques piratas na região.

“Os grupos piratas estão a adaptar-se às dinâmicas em mudança, tanto no mar como nas zonas costeiras,” Martha Pobee, secretária-geral adjunta da ONU para África, disse ao Conselho de Segurança da ONU em Novembro de 2022.

Pobee afirmou que “não existem provas concretas” que sugiram ligações entre grupos terroristas e piratas.

“No entanto, a resolução dos desafios sociais, económicos e ambientais subjacentes enfrentados pelas comunidades da região servirá, em última análise, para conter ambas as ameaças,” afirmou Pobee num relatório da ONU. Acrescentou ainda que a ONU está a trabalhar com as instituições financeiras internacionais para resolver as causas subjacentes à ameaça.


No final de Julho, as autoridades da Serra Leoa informaram que um navio de pesca chinês tinha sido dominado por piratas nas suas águas. Os atacantes navegaram o navio em direcção à Libéria, mas o navio foi libertado no dia seguinte e as forças liberianas capturaram alguns dos atacantes.
“Estamos a estudar a forma de travar a ameaça na região,” o Chefe da Marinha da Serra Leoa, Comodoro Philip Juana, disse à The Associated Press. As autoridades da Serra Leoa irão colaborar com os seus homólogos da Libéria na futura “estratégia operacional” contra a pirataria, acrescentou Juana.

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