AGÊNCIA FRANCE-PRESSE
Na Costa do Marfim, um novo super telefone que utiliza o assistente de voz para responder a comandos em língua local está a abrir oportunidades para alcançar uma grande variedade de consumidores.
Desenvolvido e montado localmente, o telefone foi concebido para fazer com que as tarefas do dia-a-dia sejam mais acessíveis, desde a compreensão de documentos e verificação do saldo bancário até comunicar com agências governamentais.
“Acabei de comprar este telefone para os meus pais lá em casa, na aldeia, que não sabem ler nem escrever,” disse Floride Jogbe, uma jovem que ficou impressionada pelos anúncios nas redes sociais. Ela acredita que os 60.000 Francos CFA (92 dólares) que ela pagou foram bem gastos.
O smartphone utiliza um sistema operativo chamado “Kone,” que é único da empresa Cerco. Cobre mais de 60 línguas, incluindo Baoule, Bete e Dioula, que são faladas na Costa do Marfim.
A Cerco espera expandir este número para 1.000 línguas, alcançando metade da população do continente, graças à ajuda da rede de 3.000 voluntários.
O objectivo é acabar com a frustração que algumas pessoas sentem com a tecnologia, disse o Presidente da Cerco, Alain Capo-Chichi, de nacionalidade beninense.
“Várias instituições estabeleceram a prioridade de fazer com que as pessoas sejam educadas antes de fazer com que a tecnologia seja disponível para elas,” disse à Agence France-Presse. “A nossa forma salta a leitura e a escrita e vai directo para a integração da pessoa na vida económica e social.”
Outras empresas que estão a investir no campo da operação por voz em África incluem a Mobobi, que criou um assistente de voz em língua Twi, em Gana, chamado Abena AI. A Mozilla está a trabalhar num assistente em Kiswahili, que possui aproximadamente 100 milhões de falantes na África Oriental.
O telefone costa-marfinense está a ser produzido na ICT e na Aldeia de Biotecnologia, em Grand Bassan, uma zona de comércio livre, próxima da capital costa-marfinense.
Aconteceu através da estreita colaboração com o governo. A empresa não paga impostos nem direitos alfandegários e as fábricas de montagem beneficiaram de um subsídio de mais de 2 bilhões de Francos CFA.
Em troca, a Cerco deverá pagar 3,5% dos seus rendimentos ao Estado e formar cerca de 1.200 jovens anualmente.