Falta de Financiamento Afecta a Prontidão da SANDF

EQUIPA DA ADF

África do Sul despertou críticas a nível internacional pelos seus recentes exercícios militares com a China e com a Rússia, mas não houve falta de críticos internamente que argumentavam que os exercícios eram dispendiosos demais e utilizavam fundos necessários em outros lugares.

A óptica de colaborar com a Rússia já era causa para a condenação, no aniversário de um ano da invasão à Ucrânia.

Mas os exercícios militares conjuntos de Fevereiro, que alegadamente custaram cerca de 11,8 milhões de dólares, um número que um político utilizou enquanto observava que alguns membros da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) tiveram de pagar pela sua própria tarifa de transportes, para chegar a Richards Bay e outros dormiram em tendas estragadas.

Pieter Groenewald, um líder da oposição, disse que os exercícios foram concebidos para “criarem a impressão de que a Força de Defesa Nacional da África do Sul está pronta e tem capacidade.”

Num comunicado, ele também afirmou que apenas quatro dos 11 helicópteros de apoio em combate, Rooivalk, produzidos localmente, e dois caças de combate, Gripen, estiveram operacionais, enquanto a Marinha apenas tinha a fragata SAS Mendi a participar nos exercícios marítimos.

A SANDF ainda se encontra entre os exércitos mais poderosos de África, mas cortes severos de orçamento ao longo dos anos tiveram efeitos em grande escala no recrutamento, na formação, prontidão e manutenção do equipamento.

Um inquérito recente envolvendo 8.700 soldados demonstrou que os desafios da SANDF estão a afectar o moral, especialmente no que diz respeito à disponibilidade e à qualidade do equipamento.

“A disponibilidade de capacidades e plataformas de defesa representa um pilar fundamental para a funcionalidade da SANDF, e o facto de que estes dois componentes críticos estão em falta é uma preocupação séria para o comité,” Cyril Xaba, Presidente do Comité da Pasta da Defesa e Veteranos de Guerra, disse num comunicado.

Xaba também apresentou reclamações sobre os pilotos não registarem horas de voos suficientes para manter as suas licenças actualizadas.

A África do Sul está ciente da crise financeira no exército há aproximadamente 10 anos, mas muitos desafios económicos significam que pouco tenha sido feito para resolver os problemas da SANDF, apesar dos apelos das autoridades governamentais e dos líderes militares.

Falando no Parlamento, no ano passado, a Ministra da Defesa e Veteranos de Guerra, Thandi Modise, disse que a SANDF já faz mais do que pode.

“Não deve haver dúvidas de que existe uma ampla dicotomia entre aquilo que se espera da SANDF e os recursos fornecidos para alcançar estas expectativas,” disse.

“A nossa incapacidade de manter, reparar e recuperar as nossas frotas antigas de equipamento de combate simplesmente acrescenta-se ao nosso terrível bloqueio — obsolescência do nosso equipamento fundamental de missão. Temos inúmeras instalações e também temos a necessidade urgente de rejuvenescer a SANDF com soldados jovens e saudáveis.”

Dificuldades de recrutamento, estagnação de fileiras e aumento das fileiras — em que as hierarquias seniores são desproporcionais ao número das hierarquias inferiores — encontram-se entre os maiores problemas de pessoal do exército.

Os salários são a maior despesa da SANDF, representando 62,6% do seu orçamento de 7,9 bilhões de dólares para 2022-23.

“A questão que nos deve preocupar é como, com as actuais restrições orçamentais, podemos garantir o rejuvenescimento das habilidades na SANDF e melhorar o moral dos nossos soldados?” Xaba questionou.

Em Novembro de 2022, Xaba alertou que a crise de financiamento da SANDF “pode significar um desastre para a segurança e o bem-estar do país.”

A deterioração de veículos, de edifícios e outras infra-estruturas obriga que os mecânicos e engenheiros ocasionalmente adaptem outros activos para outras áreas de modo a manter as operações.

Os Ministros do Comité da Pasta, várias vezes, contactaram o tesouro para solicitar mais financiamento.

Numa apresentação ao comité da pasta, em Outubro de 2022, o Departamento de Defesa disse que os consistentes cortes orçamentais anuais impossibilitaram o alcance do seu objectivo traçado de “travar o declínio” do exército da África do Sul.

A importância da África do Sul como líder da segurança regional e continental está fora de questão, afirmam os especialistas, razão pela qual existem apelos para mais investimentos no seu exército.

Apesar dos problemas e do crescente ruído das críticas ao aproximar-se dos controversos exercícios conjuntos com a Rússia e a China, o Chefe do Estado-Maior da SANDF, General Rudzani Maphwanya, procurou assegurar mais uma vez que os sul-africanos não temem pela sua segurança nem vacilam perante as dificuldades financeiras das forças.

“O exército está lá e é um exército do povo sul-africano,” disse numa conferência de imprensa. “Sentimos o aperto, mas é para o bom uso.”

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