Universidade Nacional de Defesa do Quénia Como Agente de Mudança na Educação Militar
EQUIPA DA ADF
Quando as autoridades inauguraram a Universidade Nacional de Defesa do Quénia (NDU-K), em Agosto, o acto foi mais do que apenas a abertura de uma nova escola. Para os que estiveram presentes no extenso campus, em Lanet, foi o culminar de décadas de investimento no ensino militar profissional daquele país.
Quarenta anos atrás, Quénia foi o primeiro país da região a criar um colégio para o pessoal militar; 25 anos atrás, foi o primeiro a criar um colégio nacional de defesa. Agora, a NDU-K é também a primeira. É a primeira “instituição de pesquisa especializada que confere o grau de licenciatura,” no Quénia, a formar profissionais de segurança e civis. Terá o primeiro centro de estudos estratégicos daquele país, um grupo de reflexão nacional onde líderes do sector de segurança podem procurar respostas para as ameaças emergentes.
O General Robert Kibochi, chefe das forças de defesa do Quénia, disse que investir no ensino militar permite que o país trabalhe para vencer as ameaças que vão evoluindo.
“Esta progressão foi informada por uma questão fundamental: o pensamento de que as habilidades humanas nas Forças de Defesa do Quénia são uma componente de crítica importância para garantir que a força continue relevante para apresentar-se perante as dinâmicas de um ambiente muito complexo e em constante mudança,” disse Kibochi à ADF.
A NDU-K é uma instituição geral, com sete escolas sob sua tutela no país. São elas o Colégio Nacional de Defesa, o Colégio do Comando Conjunto e Pessoal Militar, a Academia Militar do Quénia, o Colégio Técnico das Forças de Defesa, o Centro de Treinamento Internacional de Apoio à Paz, o Colégio de Defesa de Ciências de Saúde e o Colégio Universitário Nacional de Inteligência e de Pesquisa.
O projecto foi uma prioridade para o Presidente Uhuru Kenyatta. Depois do lançamento da primeira pedra, em Novembro de 2021, as equipas de construção trabalharam 24 horas por dia para concluí-lo antes do fim do seu mandato, comunicou a revista semanal The Nation.
Actualmente possui apenas 500 estudantes e irá oferecer cursos em especialidades que incluem resposta a desastres e cibersegurança. Os cursos estarão abertos para estudantes domésticos e internacionais.
Kenyatta disse que a NDU-K demonstra que o Quénia acredita que a educação das forças armadas deve ser colocada no mesmo nível que as outras disciplinas.
“No passado, o foco era a educação não relacionada com a segurança, com um pensamento muito restrito de que o ensino superior não era particularmente relevante para o sector da segurança,” disse Kenyatta durante a inauguração do dia 3 de Agosto. “Sendo assim, como parte da nossa ampla reforma do sector de educação, a minha administração teve de repensar esta visão. Porque nós precisamos igualmente de pensadores estratégicos mesmo no sector de segurança.”
Kiboshi, que é também o presidente do conselho da NDU-K, disse que a sua vida é uma prova do poder transformador da educação. Nascido em circunstâncias modestas, na região do Vale do Rift, do Quénia, ele pensou em juntar-se ao exército como uma forma de melhorar a si próprio.
“Quando crescíamos naqueles dias, no ambiente rural e em situações ténues, a educação tornou-se a única forma de podermos sair do ambiente em que vivíamos,” disse Kibochi. “Por isso, alguns de nós possuem uma forte crença de que existe uma natureza transformadora na educação.”
Durante a sua carreira de mais de 40 anos, ele obteve uma licenciatura, dois mestrados e, em 2022, tornou-se o primeiro chefe das forças de defesa a obter o grau de doutorado, quando graduou pela Universidade Kenyatta em estudos sobre a paz e gestão de conflitos.
Ele chama a NDU-K de um “agente de mudança” que oferece este mesmo ensino de alta qualidade para os futuros líderes de segurança do Quénia.
“A Universidade Nacional de Defesa não é apenas uma força multiplicadora em termos de criação de conhecimento; também é um local de inquisição, onde as pessoas são capazes de fazer pesquisas no mais alto nível,” disse Kibochi. “Isso, na minha opinião, é muito importante por causa da multiplicidade de ameaças que temos de enfrentar, sejam elas ameaças transnacionais, estejam relacionadas com a pirataria, terrorismo e também com as pandemias que temos de enfrentar. Esta instituição é uma peça fundamental.”
Uma entrevista completa com o General Robert Kibochi, chefe das forças de defesa do Quénia, irá aparecer na edição do quarto trimestre da revista ADF, com o tema “Transformação.”
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