Verificação de Factos Sobre a Desinformação da COVID-19

O presente artigo faz parte de uma série contínua.
Para conferir mais afirmações desmistificadas sobre a COVID-19, visite o primeiro artigo da série

EQUIPA DA ADF

As redes sociais podem ser uma ferramenta eficaz para a propagação de informação precisa sobre a COVID-19 e ajudar a proteger contra a propagação da pandemia. As suas múltiplas plataformas também podem ser utilizadas para disseminar informação falsa sobre a doença, as suas origens e como tratá-la.
Centenas de mitos fomentados pelas redes sociais sobre a COVID-19 circularam e foram desmistificados desde que a pandemia começou. O presente artigo expõe parte da desinformação que esteve em circulação, causando paranóia, falta de confiança em relação às autoridades sanitárias e uma atitude de desleixo em relação a uma doença que já matou mais de 255.000 pessoas em África.A seguir encontra-se uma pequena selecção de alegações desmitificadas sobre a COVID-19:

“Uma Vida de Controlo e Tirania”

 

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, não negou a existência da COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, negou a existência da COVID-19, de acordo com uma ilustração que circulou no Twitter, em toda a África do Sul, no final de Julho. Para além de um emblema da BBC News, que parece ser legítimo, encontram-se as palavras: “Boris esclarece tudo.”

Por baixo da fotografia de Johnson, com ar de seriedade, encontra-se uma citação:

“Não houve pandemia, estivemos todo esse tempo a mentir-vos. Manipulamos os números, arruinamos a vossa vida e destruímos a economia. Tudo isso para ganhar poderes draconianos para infligir uma vida de controlo e tirania sobre todos vocês.”

A ilustração falsa não incluiu ligações para as alegadas declarações de Johnson, e a Africa Check, uma organização de verificação de factos apartidária, da África do Sul, não encontrou a citação na

página da internet ou nas contas das redes sociais confirmadas da BBC. A pandemia é real.

A Pfizer Não Pretende Reduzir a População Mundial

 

Albert Bourla, PCA da empresa farmacêutica, Pfizer, não pretende reduzir a população mundial para metade. GETTY IMAGES

Um vídeo alterado mostra o PCA da Pfizer, Albert Bourla, a dizer ao Presidente-Executivo do Fórum Economico Mundial, Klaus Schwab, que a empresa farmacêutica americana pretende reduzir a população mundial para metade, até 2023.

No vídeo falso, visualizado centenas de milhares de vezes no Facebook, Twitter e Instagram, Bourla diz: “Na primeira semana em que a minha [equipa de liderança] se reuniu, em Janeiro de 2019, em Califórnia, para estabelecer as metas para os próximos cinco anos, uma delas foi que até 2023 iríamos reduzir o número de pessoas no mundo em 50%. Penso que hoje este sonho está a tornar-se uma realidade.”

Bourla na verdade disse: “Iremos reduzir até 50% o número de pessoas no mundo que não têm condições de adquirir os nossos medicamentos,” comunicou a Agência France-Presse.

Na verdade, no início do mês de Julho, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças assinou um acordo com a empresa farmacêutica americana Pfizer para trazer suprimentos do comprimido antiviral Paxlovid para o continente. O Paxlovid demonstrou ser quase 90% eficaz na prevenção de internamentos e mortes relacionados com a COVID-19 em adultos de alto risco quando administrado dentro de três dias do aparecimento dos sintomas.


Os países africanos irão receber os comprimidos a baixo custo, ficando a empresa sem obter qualquer lucro.
Artigo de Revista Enganoso 

Investigadores colhem amostras de um morcego no Gabão. Suspeita-se que os morcegos estejam na origem de surtos de doenças como a SARS e a COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Depois da eclosão da COVID-19 no continente, os teóricos da conspiração pegaram um artigo de quase 20 anos, da revista em língua africâner, da África do Sul, Hulsgenoot,

que falava sobre “uma variante agressiva do coronavírus.”

Depois de publicadores do Facebook partilharem páginas do artigo de 2003, algumas pessoas concluíram que a variante de que se falava na revista era a mesma que a COVID-19, sugerindo que a pandemia

era “exactamente a mesma coisa a repetir-se mais uma vez,” comunicou o Africa Check.
 
O artigo da revista Hulsgenoot na verdade falava sobre a síndrome respiratória aguda grave ou SARS.
 
A SARS é causada por um coronavírus

e foi inicialmente registado na China, em 2002. Aquela doença propagou-se para outros países e foi declarada uma epidemia, mas não uma pandemia. Matou menos de 775 pessoas a nível mundial.

 

por um coronavírus muito ligado à Sars-CoV-2. A pandemia matou mais de 6,3 milhões de pessoas a nível mundial, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Não Confiar em Raios UV

 

AFP/GETTY IMAGES

Muitas pessoas no continente foram falsamente levadas a acreditar que as lâmpadas ultravioletas podem desinfectar as mãos de uma pessoa e mitigar a propagação da COVID-19, de formas que o gabinete regional da OMS para África publicou um vídeo curto para desmistificar esta afirmação.

Lavar as mãos com água e sabão ou desinfectá-las com uma solução à base de álcool são as melhores formas de remover o vírus da sua pele.

A OMS publicou um vídeo semelhante para desmistificar uma crença generalizada que advoga que a COVID-19 não pode ser propagada durante o tempo quente.

O presente artigo faz parte de uma série contínua. Para conferir mais afirmações desmistificadas sobre a COVID-19, veja outros artigos da série.

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