Nana Yaa Asantewaa E A Guerra Do Banco Dourado

EQUIPA DA ADF

Uma mulher Ashanti que envergonhou os guerreiros da sua tribo, convencendo-os a defenderem-se, há mais de 100 anos, tornou-se um símbolo de liberdade para o Gana. As acções de Nana Yaa Asantewaa provocaram a última guerra Anglo-Ashanti, conhecida como a guerra do Banco Dourado.

Em 1752, os britânicos estabeleceram uma colónia de comércio a qual chamaram Costa Dourada, no Golfo da Guiné. Ela tornar-se-ia no seu centro do comércio africano, que incluía ouro, diamante, madeira, marfim e cereais. Até à década de 1800, os britânicos continuaram a expandir o seu território para os reinos locais e a obrigar os líderes tribais a submeterem-se à sua autoridade.

Os Ashanti resistiram, tendo derrotado o Império Britânico nas primeiras duas daquelas que eventualmente acabaram por ser cinco guerras.

A última rebelião, conhecida como a guerra do Banco Dourado, durou cerca de seis meses, em 1900.

O Banco Dourado foi um símbolo de unidade nacional Ashanti. Não era um trono. Quando não estivesse em uso, era colocado contra a parede para que as almas dos mortos Ashanti pudessem descansar nele. Nunca tocava o chão, mas sempre ficava sobre uma manta. Era carregado numa almofada, uma vez que apenas Asantehene, o rei Ashanti, tinha permissão para tocar nele. Em algumas cerimónias, ficava no seu próprio trono.

A última guerra começou quando o governador britânico, Sir Frederick Mitchell Hodgson, exigiu que se entregasse o Banco Dourado como uma admissão pelos Ashanti da sua submissão ao governo britânico. 

Foi aí que Yaa Asantewaa fez história.

A RAINHA-MÃE

Ela nasceu em 1840, uma de duas crianças. O seu irmão, Afrane Panin, tornou-se um líder tribal enquanto ela crescia para ser uma agricultora habilidosa e bem-sucedida. Quando o seu irmão morreu, em 1894, Yaa Asantewaa utilizou o seu cargo como Rainha-Mãe para indicar o seu neto como o novo chefe. 

Em 1896, os britânicos exilaram o rei Ashanti para as Seychelles, juntamente com o neto de Asantewaa e outros membros da liderança da tribo. Yaa Asantewaa tornou-se a regente de um dos distritos.

Quando Hodgson exigiu o Banco Dourado, os restantes membros da liderança reuniram-se em segredo para discutir sobre a resposta adequada. Yaa Asantewaa estava lá, uma vez que a sua posição de Rainha-Mãe significava que ela era a guardiã oficial do Banco Dourado. Ela dirigiu-se aos membros do conselho num discurso breve que passou a fazer parte do folclore ganense. Existem muitas versões do discurso, incluindo esta:

Agora eu vejo que vocês estão com medo de avançar e lutar pelo nosso rei. Se vocês, os chefes de Ashanti, pretendem comportar-se como cobardes e não lutar, deviam trocar as vossas tangas pelas minhas roupas interiores. 

Consta que ela enfatizou o seu discurso pegando numa arma e disparando em frente dos homens reunidos.

Os outros líderes escolheram Yaa Asantewaa como líder da sua força de combate. A Rainha-Mãe assumiu o comando de um exército de 5.000 soldados.

A rebelião foi inicialmente um sucesso, com os combatentes Ashanti a invadirem uma fortaleza em Kumasi, onde os britânicos tinham procurado refúgio. Meses depois, o governador britânico enviou tropas suficientes para reprimir a revolta.

Os britânicos capturaram Yaa Asantewaa e 15 dos seus conselheiros e levaram todos eles para as Seychelles. Yaa Asantewaa morreu no exílio, em Outubro de 1921. Três anos depois, o rei e os outros membros dos exilados da corte Ashanti regressaram a casa. O rei deu a Yaa Asantewaa um funeral real adequado.

Em 1957, o que tinha sido o reino Ashanti tornou-se parte de Gana, o primeiro país da África subsariana a ganhar a independência.

Hoje, a Guerra do Banco Dourado também é conhecida como a Guerra de Yaa Asantewaa. Ela é lembrada num cântico Ashanti:

Yaa Asantewaa

A mulher que luta diante de canhões

Alcançaste grandes realizações

Portaste-te bem

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